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Dos paus e lixo que apanha, Joaquim faz cobras, sardões e “tudo o que lhe dá na cabeça”
Quando deixou o mar, depois de quatro décadas dedicadas à pesca de bacalhau, Joaquim Pires começou a apanhar paus "a torto e a direito". Olhava para eles, tortos e direitos, e imaginava uma peça na sua cabeça: cobras, sardões, pássaros, cisnes, ou tudo o que dali pudesse surgir. Nasceu assim, dentro do seu atelier, em Viana do Castelo, um autêntico zoo. A matéria-prima chega-lhe a casa ou é apanhada na rua. Usa lixo que encontra na rua, nas praias ou nos contentores para criar as peças que têm tanto de bizarro como de inovador. Quem disse que a porta de uma máquina de lavar não pode ser um retrato do inferno?
Na casa-atelier, simultaneamente habitação e oficina, não há espaço livre para guardar tantas criações. E o artista de 68 anos garante que gosta de todas elas. "O que me dá na cabeça, eu faço." Talvez seja essa a chave para a satisfação artística.