Primeiro-ministro francês chama dois antecessores, Borne e Valls, para o novo Governo
Escolha de antigo socialista Manuel Valls é considerada a mais surpreendente. Élisabeth Borne será a “número dois” do executivo.
Ao fim de dez dias, foi finalmente anunciado o Governo do primeiro-ministro François Bayrou: vai ter duas pessoas que ocuparam antes a sua chefia, Élisabeth Borne e Manuel Valls. A primeira ficará encarregada da pasta da Educação Nacional e o segundo da pasta do Ultramar, com uma missão imediata de gerir a crise em Mayotte na sequência dos grandes danos causados pelo ciclone Chido.
Serão ainda ministros de Estado, tal como o antigo ministro do Interior Gérald Darmanin, que esteve ausente do Governo de Michel Barnier, e que ficará agora com a pasta da Justiça.
Élisabeth Borne, do partido do Presidente, Emmanuel Macron, tinha deixado a chefia do Governo francês em Janeiro, depois de a ter assumido em Maio de 2022. Já foi ministra dos Transportes, das Ecologia e do Trabalho. É agora oficialmente a “número dois” do Governo, diz o diário francês Libération.
Já Manuel Valls teve um percurso mais particular. Depois de ter sido primeiro-ministro entre 2014 e 2016 na presidência do socialista François Hollande, acabou por apoiar Macron nas eleições presidenciais de 2017, após perder as primárias socialistas para Benoît Hamon.
Valls, que tem dupla nacionalidade, candidatou-se à presidência da câmara de Barcelona, tendo sido apoiado pelo partido Cidadãos, e de regresso à política francesa, tentou ser eleito deputado pelo partido de Macron pelo círculo da emigração, mas não conseguiu. O Libération considera-o o nome mais surpreendente da lista de Bayrou.
Outro antigo ministro de Hollande, François Rebsamen, vai também integrar o Governo, com a pasta da Gestão de Território e Descentralização do Governo.
Bayrou afirmou estar “orgulhoso” da sua equipa, “um colectivo de experiência para reconciliar e renovar a confiança de todos os franceses”, cita o diário Le Monde.
Os nomes foram anunciados esta segunda-feira à tarde e o primeiro Conselho de Ministros está marcado para 3 de Janeiro, segundo os media franceses. A prioridade é fazer aprovar o orçamento.
O até agora responsável pela Caisse des Depots, o “braço de investimento do executivo francês,” Eric Lombard, vai assumir uma pasta essencial, a Economia, Finanças e Soberania Industrial e Digital.
Entre os nomes que se mantêm no Governo estão Bruno Retailleau, no Interior, Jean-Noël Barrot, nos Negócios Estrangeiros, e Rachida Dati, na Cultura.
A oposição de esquerda não ficou convencida. A secretária-geral ecologista Marine Tondelier diz que Bayrou vai ficar “nas mãos de Marine Le Pen” e da extrema-direita e Mathilde Panot, líder do grupo parlamentar da França Insubmissa, criticou um “Governo cheio de pessoas que foram afastadas do poder e que ajudaram a afundar o nosso país (...) com o apoio de Marine Le Pen e da União Nacional.”