João Goulão vai deixar o Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências

Histórico das políticas de prevenção e tratamento de dependências está apenas à espera do concurso para encontrar o seu substituto.

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Com 70 anos feitos em Maio e o ICAD montado, João Goulão vai, finalmente, reformar-se Nuno Ferreira Santos (Arquivo)
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Com 70 anos feitos em Maio, o presidente do Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD), João Goulão, vai deixar o cargo assim que seja possível encontrar um substituto. A notícia foi avançada neste sábado pelo Jornal de Notícias, antecipando uma entrevista que será publicada amanhã, e foi confirmada ao PÚBLICO pelo próprio.

“São os 70 anos, não é mais do que isso. É toda uma situação excepcional, com uma autorização especial para continuar além dessa idade, mas que estava previsto que seria um prazo relativamente curto”, diz o homem que desde 1997 liderou todos os organismos nacionais criados para a prevenção e tratamento da toxicodependência e outras adicções, tendo sido também o primeiro português a liderar o Observatório Europeu da Droga, em 2010. Antes dessas responsabilidades já estivera ligado ao combate à toxicodependência, em organismos regionais.

Os funcionários públicos podem adiar a reforma até aos 70 anos, mas depois desta idade o Governo pode autorizar, por períodos de seis meses e até ao limite de cinco anos, a continuidade em funções — uma possibilidade instituída pelo governo de António Costa, em 2019, e que prevê que tal aconteça em casos de “interesse público excepcional”.

João Goulão está a gozar de uma dessas autorizações e acredita que ainda poderá ficar no cargo por “alguns meses”, já que é necessário que seja lançado um concurso para escolher o seu sucessor, e que tal ainda não terá acontecido. “Está combinado que ficarei até que o concurso seja concluído. Tanto quanto sei, ainda não foi lançado, pelo que ainda terei uns meses pela frente”, afirma.

O ICAD foi criado no ano passado, para substituir o anterior organismo, o SICAD — Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências e o seu início foi marcado por dificuldades no acesso a verbas para que pudesse funcionar em todas as suas vertentes.

João Goulão já tinha manifestado a intenção de continuar à frente do novo instituto, para que este pudesse consolidar-se, prevendo que até ao final deste ano tudo poderia estar já organizado, permitindo-lhe, então, abandonar funções.

O processo está a correr e o médico não vê razões para adiar essa decisão. “Aquilo que falta ao ICAD são sobretudo recursos humanos e mecanismos que nos permitam recrutar, ter capacidade para atrair profissionais, e os correspondentes meios financeiros. Mas penso que as coisas têm estado a correr bem, apesar de ser um processo complexo”, diz.

De acordo com o Jornal de Notícias, também Manuel Cardoso, outro nome ligado ao combate à droga há décadas e que era vogal do ICAD, deverá abandonar funções, assim que seja possível ser substituído. Tem 69 anos.

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