Lufthansa instala fábrica de reparação de motores em Portugal

Investimento da Lufthansa Technik será em Santa Maria da Feira e vai criar mais de 700 postos de trabalho. Recrutamento começará em breve. Academia de formação arranca em 2025 e fábrica abre em 2027.

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A nova unidade da Lufthansa Technik ficará no Lusopark, em Santa Maria da Feira (distrito de Aveiro), onde a empresa alemã comprou 230 mil metros quadrados VINCENT JANNINK / EPA (arquivo)
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A Lufthansa Technik anunciou a instalação de uma fábrica de reparação de peças de motores e componentes de aviões em Santa Maria da Feira, no distrito de Aveiro, com 700 postos de trabalho e início da produção previsto para final de 2027.

“Um novo capítulo começa hoje para a Lufthansa Technik: pela primeira vez na história da empresa, estamos a construir e a abrir a nossa própria localização em Portugal”, avançou o administrador operacional, Harald Gloy, em comunicado.

A empresa pertence à companhia aérea alemã Lufthansa, que detém 100% do capital, depois de em Novembro de 2023 ter posto de lado a hipótese de vender uma participação minoritária. Em vez disso, apostou em promover sem parceiros um plano de crescimento da sua subsidiária de manutenção e reparação.

No ano passado, a Lufthansa Technik facturou 6547 milhões de euros, com uma margem EBITDA ajustada (resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de 13,5%, lucro operacional de 645 milhões de euros e lucro antes de impostos de 554 milhões.

Empregava 22.800 pessoas em 2023, esperando chegar aos 25 mil trabalhadores no final de 2024. Entre os seus 800 clientes estão empresas de aviação a quem fornece componentes para frotas de aviões Airbus (modelos A330ceo e A321neo ou A380), tratando também motores usados nos A320 e no Boeing 737 Max.

A empresa não adiantou o valor do investimento em Portugal, mas detalhou que adquiriu recentemente o imóvel de 230 mil metros quadrados no parque empresarial Lusopark, em Santa Maria da Feira, onde pretende iniciar as obras em 2026.

"Equipas da Lufthansa Technik trabalharam vários meses para encontrar o local ideal para este investimento de vários milhões", garante a empresa no comunicado que divulgou nesta segunda-feira. "Estamos convencidos de que Santa Maria da Feira é a escolha perfeita. Vamos criar grandes coisas ali – para a região, para a Lufthansa Technik, para os nossos empregados e clientes. Também é sinal do compromisso do grupo Lufthansa com Portugal", anota Gloy.

Esta unidade industrial vai criar mais de 700 postos de trabalho “aos quais os interessados poderão candidatar-se já no próximo ano”, avançou a empresa, que diz ter contado com a cooperação do Governo, através da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), e da cidade de Santa Maria da Feira.

Para os alemães, um dos critérios relevantes para esta escolha foi "a posição portuguesa na União Europeia e o quadro de estabilidade política". "Igualmente importante: a boa infra-estrutura e o mercado laboral atractivo", afirma a empresa.

O recrutamento começará em breve e as vagas incluirão posições para mecânicos, técnicos de electrónica, engenheiros, gestores de processos e de recursos humanos, "para ambos os géneros, com certeza". Tudo terá início com a abertura de um centro de formação na Feira no próximo ano, "para preparar os futuros empregados, de modo a que a produção possa arrancar assim que estiver pronta a unidade fabril de 54 mil metros quadrados", lê-se no comunicado.

Os interessados no recrutamento terão mais informação na página da Lufthansa Technik Portugal e na rede social LinkedIn.

A transferência da propriedade do imóvel adquirido na Feira ainda está, no entanto, por concluir, dependendo de decisões municipais relativas ao ordenamento do território, acrescenta o grupo.

“[Este investimento] representa mais um passo em direcção à reindustrialização do nosso país e demonstra a forte confiança nas nossas infra-estruturas nacionais e no capital humano, particularmente nos nossos engenheiros e técnicos altamente qualificados no sector aeronáutico”, afirma, por seu lado, o ministro da Economia, Pedro Reis, citado na mesma nota.

Para Ricardo Arroja, actual presidente da AICEP, esta escolha do grupo alemão vai "impulsionar a competitividade para a indústria da aviação". "A indústria aeronáutica em Portugal está num caminho ascendente, visto que agora albergamos um número crescente de actores-chave deste sector, o que contribui para um ciclo de produção completo, desde o desenvolvimento à produção, até à manutenção e reparação." com Lusa