Michel Barnier apresentou a sua demissão de primeiro-ministro de França
Governo francês foi derrubado na quarta-feira à noite por uma moção de censura, apresentada pela França Insubmissa e apoiada pelo bloco de partidos de esquerda e pela extrema-direita.
O primeiro-ministro de França, Michel Barnier, apresentou a sua demissão ao Presidente francês Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu. A decisão, já esperada, surge na sequência da moção de censura aprovada na véspera pela maioria dos deputados da Assembleia Nacional.
O anúncio da demissão foi publicado esta tarde pelo gabinete da Presidência, informando que Emmanuel Macron tinha "tomado nota" da decisão do primeiro-ministro, agora demissionário. A nota sucedeu a um encontro na residência oficial do Presidente francês entre Macron e Barnier, que durou cerca de uma hora.
"Michel Barnier e os membros do Governo ocupar-se-ão dos assuntos correntes até à nomeação de um novo Governo", lê-se ainda.
Apresentada pela França Insubmissa, a moção de censura aprovada na quarta-feira recebeu os votos favoráveis dos partidos que compõem o bloco de esquerda, a Nova Frente Popular, e do partido de direita radical e extrema União Nacional, de Marine Le Pen, assim como os seus aliados do grupo parlamentar UDR, antiga ala pró-Le Pen d'Os Republicanos.
Em causa, segundo os promotores da iniciativa parlamentar, esteve o facto de o Governo de Barnier ter forçado a aprovação da lei de financiamento da segurança social, mesmo sabendo que não tinha votos suficientes na câmara baixa do Parlamento francês para a aprovar e com ameaças de ambos os partidos de que aprovariam uma moção de censura caso o fizesse.
Político experiente, do espaço ideológico do centro-direita, antigo ministro e figura destacada da política europeia dos últimos anos, Michel Barnier tinha sido nomeado para o cargo por Macron, em Setembro, numa alegada jogada do Presidente para agradar à União Nacional, o partido mais representado na Assembleia, que acabou por se abster na votação de nomeação do novo primeiro-ministro.
A escolha de Macron foi, no entanto, muito criticada pela Nova Frente Popular, plataforma de partidos de esquerda e vencedora das eleições legislativas, realizadas em Julho.
Desde essa altura que a esquerda ameaçava uma moção de censura ao novo Governo. Uma primeira moção de censura, apresentada no início da legislatura, foi chumbada devido à falta de votos favoráveis, que corresponderam ao número de deputados dos partidos de esquerda na Assembleia Nacional.
A queda do Governo e a iminente demissão do primeiro-ministro lançam um dos motores da União Europeia para mais uma crise política de grandes proporções e de efeitos imprevisíveis.
Impedido de marcar novas eleições legislativas até Junho de 2025 e sem apoios óbvios na Assembleia, Macron terá de decidir os passos seguintes, que podem passar pela nomeação de outro chefe do Governo.
O tempo corre contra o Presidente e contra o próximo executivo, já que é necessária a aprovação de um orçamento até ao dia 1 de Janeiro do próximo ano.
Mathilde Panot, líder do grupo parlamentar da França Insubmissa, garantiu esta quinta-feira, citada pelo Le Monde, que a Nova Frente Popular vai votar contra qualquer nome proposto por Macron que não venha do bloco de partidos de esquerda.
O Presidente francês vai falar ao país nesta quinta-feira às 20h (19h em Portugal continental) para anunciar os seus planos.