Bombeiros profissionais admitem greve nacional ou vigílias
“Avisaremos a população de que estamos a ser lesados e [de que] poderemos prestar um mau socorro”, diz líder da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais.
Os bombeiros profissionais admitem levar a cabo uma greve nacional para tentarem fazer valer os seus direitos nas negociações com o Governo.
No final de uma reunião entre o Sindicato Nacional dos Bombeiros Profissionais (SNBP) e a Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP), o líder desta última organização, Fernando Curto, explicou ao PÚBLICO que entre as formas de protesto em cima da mesa estão uma greve nacional, ou então várias vigílias. “Avisaremos a população de que estamos a ser lesados e [de que] poderemos prestar um mau socorro”, diz também.
Um comunicado divulgado no fim deste encontro remete para 20 de Dezembro, data da última reunião que estava agendada entre os sindicatos e o Governo, a decisão sobre os protestos concretos que irão ser desencadeados caso os avanços nas negociações não sejam considerados suficientes. Para essa data a ANBP marcou um novo conselho geral onde poderão vir a ser definidas que acções de luta irão por diante.
Antes de a reunião começar, o presidente do sindicato, Sérgio Carvalho, já tinha definido as suas linhas vermelhas: "Vamos avançar com todos os protestos que os bombeiros entendam avançar dentro da normalidade, da legalidade e do que é possível pela Constituição Portuguesa. Salvamos vidas e em momento algum um bombeiro vai deixar de salvar uma vida por razões sindicais, religiosas, políticas ou outras."
O Governo está disposto a atribuir um subsídio de risco aos cerca de três mil trabalhadores dos sapadores, que poderá ascender até aos 100 euros mensais, mas apenas em 2027. De valor fixo e pago em 12 meses, fixar-se-ia nos 50 euros em 2025, nos 75 euros, em 2026, ascendendo à centena de euros um ano depois. Os sindicatos, porém, consideram este valor inaceitável. "Estamos há 22 anos à espera de uma revisão. O sentimento que começamos a ter é que para outras forças e entidades são considerados suplementos e é dada uma abordagem diferente. Para nós, bombeiros, essa situação não surge", dizia nesta terça-feira Sérgio Carvalho.
Ainda de acordo com a proposta do executivo, bombeiros sapadores em início de carreira veriam a remuneração-base subir progressivamente cerca de 15% até 2027, passando dos actuais 1075,85 euros para 1228,09 naquele ano. Além do subsídio de risco, o Governo propõe um suplemento de função pago em 12 meses que constituiria 5% do valor da remuneração-base em 2025 e 10% no ano seguinte.
Na prática, "este grande esforço de valorização", segundo o Governo, significa que, em 2027, um bombeiro sapador em período experimental receberá mais 310 euros mensais face a 2024, entre variação na remuneração e subsídio de turno. Já um sapador teria um acréscimo salarial na ordem dos 326 euros mensais (subida da remuneração base, mais subsídio de turno e novos suplementos de risco e de função). Já os sindicatos querem que a tutela mantenha as sete categorias de bombeiro sapador, mas actualizadas para o nível 14, o que iria permitir um aumento do salário-base de 1075 para 1280 euros.
Embora pago pelas autarquias, o salário destes bombeiros é fixado pelo Governo, tal como as leis que regem a profissão. Dos três mil trabalhadores que compõem esta força, 2500 estão ao serviço de 22 municípios.