Alemanha prepara-se para financiar mina de Boticas e garantir lítio por dez anos

Há uma declaração preliminar de elegibilidade por parte do Estado alemão, mas o processo de pedido de financiamento vai ainda iniciar-se.

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A futura mina de lítio na aldeia de Covas do Barroso deverá estar a produzir em 2027 Adriano Miranda
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A Savannah Resources, responsável pelo projecto de exploração de lítio na mina do Barroso, anunciou que está em condições de pedir um financiamento de até 270 milhões de euros à Euler Hermes, a agência de crédito à exportação que actua em nome do Governo alemão, que já considerou a “elegibilidade em princípio” deste empreendimento em Boticas.

“A Euler Hermes AG, confirmou numa carta de interesse (LoI) não vinculativa, o potencial para uma garantia sobre um empréstimo de até 270 milhões de dólares, para o projecto da Savannah”, informou a empresa presidida por Emanuel Proença.

Trata-se, de acordo com o comunicado divulgado esta terça-feira, “um passo significativo na estruturação de opções de financiamento para o desenvolvimento” do Projecto Lítio do Barroso (onde está o maior depósito de espodumena de lítio da Europa), que obteve a licença ambiental em Maio de 2023.

De acordo com a Savannah, “este potencial apoio financeiro assenta no fornecimento de lítio à Alemanha através do acordo Heads of Terms da Savannah com a AMG”. Este acordo contempla a entrega de “concentrado de espodumena de 90 ktpa durante dez anos”. A Savannah estabeleceu em Junho passado um acordo de parceria estratégica com o grupo AMG Critical Materials (AMG), dono da primeira grande refinaria de lítio da Europa, no Sul de Berlim, na Alemanha.

“O apoio do Governo alemão e do KfW IPEX-Bank”, o banco de investimento estatal alemão, “reforça claramente para todas as partes interessadas o significado estratégico e a qualidade do projecto”, frisou Emanuel Proença, citado no comunicado.

Para concretizar este financiamento, haverá agora uma nova fase de recolha de informação “realizada pelo KfW IPEX-Bank, pela Euler Hermes AG e pelos seus consultores”, cobrindo, entre outros aspectos, questões económicas, técnicas, jurídicas e de sustentabilidade.

“O financiamento da dívida representa um elemento-chave na solução de financiamento global do projecto”, diz a Savannah. “O trabalho está a progredir bem em fontes complementares de fundos, incluindo financiamento de outros organismos governamentais ou supranacionais (capital, subsídios, dívida) e potenciais clientes e investidores estratégicos adicionais”, mas há ainda “um trabalho significativo pela frente para levar o projecto à construção e produção”, reconhece a empresa.

O início da produção em Boticas está previsto para 2027, apesar da contestação local, e a Savannah espera “produzir lítio suficiente para cerca de meio milhão de baterias de veículos por ano, suficiente para produzir o equivalente a mais de três vezes as compras de veículos em Portugal todos os anos”.

A empresa destaca ainda que “a produção equivale também a uma parte muito significativa do objectivo da Lei das Matérias-Primas Críticas da Comissão Europeia”, que prevê atingir um mínimo de dez por cento da produção europeia de lítio com matérias-primas endógenas até 2030.

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