Liverpool aproveitou a crise do City para fugir na frente

“Reds” triunfam sobre o tetracampeão e reforçam liderança da Premier League. Equipa de Guardiola já vai em sete jogos sem vencer.

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Salah, um golo e uma assistência no triunfo do Liverpool ADAM VAUGHAN / EPA
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A Premier League vai avançando com uma narrativa inesperada, mas que vai ganhando força com o passar das semanas. O Liverpool, em plena mudança de ciclo, vai-se mostrando como o principal candidato ao título, o Manchester City, tetracampeão e à prova de crises, é cada vez mais uma sombra das glórias passadas.

Tudo isto ficou bem presente neste domingo em Anfield, em que os “reds” passaram por cima dos “citizens” com um triunfo por 2-0 (podiam ter sido mais) e fugiram na liderança, com nove pontos sobre a concorrência mais próxima, Chelsea e Arsenal. Quanto aos “azuis” de Manchester têm de se contentar com um quinto lugar, com menos 11 que o Liverpool.

Já se sabe que o City está em crise, a demonstrar uma inesperada fragilidade desde que Rodri, o seu centro de gravidade, se lesionou. Mas este seria o jogo ideal para se relançar na época, uma visita à casa de um Liverpool de quem não se esperava tanto numa época em que se está a habituar a um novo treinador – Arne Slot ocupou o lugar que foi de Jurgen Klopp durante nove anos.

Só que o jogo foi exactamente aquilo que as duas equipas têm mostrado, um Liverpool dominante e um City cheio de dúvidas. Na primeira parte, só deu mesmo Liverpool e vantagem mínima parecia escassa. Essa vantagem apareceu logo aos 12’, num lançamento de Arnold para Salah na direita e um cruzamento bem medido para Gakpo, junto ao segundo poste, encostar para a baliza.

Anfield entrou em delírio com esta vantagem dos “reds”, que podiam ter sido bem mais dilatada nos primeiros 45 minutos. Quanto ao City, com Rúben Dias, Matheus Nunes e Bernardo Silva de início, pouca mossa fez à defesa da casa, onde o capitão Van Dijk esteve em grande a “secar” Haaland.

Na segunda parte, a equipa de Guardiola bem tentou fazer o cerco aos “reds”, mas sem efeitos práticos, e seria o Liverpool a chegar ao 2-0, num penálti convertido por Salah, após uma falta de Ortega sobre Luiz Diaz na área, depois de uma colecção de erros de Dias e Kyle Walker.

A “Slot machine” continua a render

Este Liverpool de Arne Slot tem sido, de facto, uma máquina de vitórias. Na Premier League, já vai em 11 vitórias nas 13 primeiras jornadas (mais uma derrota com o Nottingham Forest e um empate com o Arsenal), na Liga dos Campeões, cinco triunfos em cinco jogos, e com vários jogadores em grande forma, como Mo Salah, nada incomodado com o facto de só ter contrato com os “reds” até ao final da presente época – o egípcio já leva 13 golos e 11 assistências na temporada e, daqui a um mês, já poderá assinar por outra equipa.

O próprio Arne Slot, que chegou a Anfield no início da época depois de ser campeão com o Feyenoord, mostra-se algo surpreendido pelo início de época do Liverpool, mas não dá nada por garantido. “Acho que ninguém, incluindo eu, esperava isto. Sei que o Jurgen deixou a equipa num bom lugar, mas ganhar tanto a equipas tão difíceis não era algo que eu conseguisse prever no início. Vi os jogos que o Arsenal, o Chelsea e o City fizeram e eles vão recuperar porque têm muita qualidade. Podem ter séries iguais à nossa e, por isso, temos de continuar focados”, admitiu o neerlandês.

O Liverpool tem sido, de facto, o principal beneficiado do colapso outonal do Manchester City. Nunca se tinha visto nada igual nos tempos de Guardiola e o próprio técnico catalão nunca tinha vivido isto na sua carreira. Já vai em sete jogos consecutivos sem vencer (entre eles uma derrota em Alvalade com o Sporting) e, destes jogos, apenas um não foi uma derrota – empate 3-3 com o Feyenoord, depois de estar a ganhar 3-0.

Em Anfield, Guardiola foi brindado com um cântico habitual nos estádios ingleses, “You’re getting sacked in the morning” (“Vais ser despedido amanhã de manhã”), a que o catalão respondeu exibindo seis dedos, correspondentes aos títulos de campeão que conquistou pelo City. “Todos os estádios me querem despedir”, referiu Pep à Sky Sports. “Se calhar têm razão, pelos resultados que temos tido. Não esperava isto em Anfield, mas está tudo bem, faz parte do jogo.”

Se o City já parece fora de combate (mas nunca se pode descartar uma equipa de Guardiola), quem pode fazer sombra ao Liverpool? Talvez Arsenal e Chelsea, triunfantes nesta jornada, respectivamente, sobre West Ham United (2-5) e Aston Villa (3-0), mas a distância para o Liverpool também é grande, nove pontos.

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