Norberto Lobo e Ben Chasny celebram Carlos Paredes numa série de concertos em 2025

Digressão arranca em Fevereiro, em Lisboa, e fará escalas em Braga, Espinho, Coimbra, Faro e São Miguel, à boleia do centenário de nascimento de Paredes.

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Ben Chasny e Norberto Lobo assinalam juntos os 100 anos do mestre da guitarra portuguesa Kami Chasny/ Vera Marmelo
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O guitarrista português Norberto Lobo e o norte-americano Ben Chasny vão dar seis concertos em Portugal no próximo ano para celebrar a vida e obra de Carlos Paredes, mestre da guitarra portuguesa, à boleia do centenário do seu nascimento, anunciaram esta quinta-feira as seis entidades responsáveis pela encomenda desta digressão nacional.

O ciclo de concertos arranca três dias antes do aniversário de Carlos Paredes (1925-2004), a 13 de Fevereiro, na Culturgest, em Lisboa, seguindo-se o gnration, em Braga, no dia 14, e o Auditório de Espinho, no dia 15.

No dia em que Carlos Paredes faria 100 anos, a 16 de Fevereiro, a dupla de guitarristas toca no Convento São Francisco, em Coimbra, estando também agendado um concerto no dia 18 do mesmo mês no Teatro das Figuras, em Faro, e no festival Tremor, nos Açores, em Abril, onde estarão em residência artística no começo de 2025.

Ben Chasny - conhecido pela banda Six Organs of Admittance e enquanto guitarrista de Comets on Fire - "descobriu Paredes numa visita a Portugal e é o responsável por introduzir toda uma geração internacional à sua música", assinalam as entidades parceiras, tendo já dedicado uma canção ao músico de Canção Verdes Anos e estado por trás das reedições internacionais de dois discos de Paredes, pela Drag City, em 2011.

Norberto Lobo, um dos guitarristas portugueses mais inventivos dos últimos anos, deu o título Mudar de Bina ao seu disco de estreia, de 2007, que, caso não se notasse pelo título a referência, continha uma dedicatória a Carlos Paredes. "Adoro-o, é o meu herói, a minha referência total e esta música é das que mais me toca", revelava Lobo aquando do lançamento do álbum, recorda a Culturgest em comunicado.

Nascido em Coimbra em 1925 numa família de guitarristas, Carlos Paredes começou a acompanhar o pai, Artur Paredes, aos nove anos, com quem tocou mais tarde aos 14, num programa semanal da antiga Emissora Nacional. Ao longo de décadas, foram inúmeros os trabalhos e os marcos que Paredes deixou na música, mas também no cinema e no teatro.

Carlos Paredes cresceu "num ambiente de discreta resistência e contestação política ao regime salazarista", indica a biografia disponível no site do Museu do Fado, que assinala a adesão do músico ao Partido Comunista Português (PCP) em 1958, ano em que foi preso pela polícia política e assim permaneceu durante 18 meses.

Funcionário do arquivo de radiografias do Hospital de São José, em Lisboa, entre 1949 e 1986, estreou-se em disco em nome próprio em 1962, lembra a mesma biografia. Dois anos antes, tinha composto a banda sonora da curta-metragem Rendas de Metais Preciosos, de Cândido Costa Pinto, na qual foi acompanhado por Fernando Alvim.

"A sua ligação ao cinema não se ficou por aqui e para além da música feita para Os Verdes Anos (1962), que se tornou um dos seus ex-libris, e Mudar de Vida (1966), [ambos] do cineasta Paulo Rocha, ou de Fado Corrido (1964), realizado por Jorge Brum do Canto", recorda o Museu do Fado.

O autor de Movimento Perpétuo colaborou com múltiplos artistas e escritores, destacando-se, entre outros, trabalhos com o baixista norte-americano Charlie Haden. A última vez que actuou em palco foi em 1993, ano em que lhe foi diagnosticada uma doença degenerativa que o impediu de continuar a tocar. Carlos Paredes morreu em 2004.