Aumento extra de pensões do PS é votado quinta-feira, Governo dramatiza

PS acusa executivo de não saber calcular aumento das pensões. Miranda Sarmento diz que proposta socialista de aumento extra “cria um problema” nas contas públicas.

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Miranda Sarmento (à direita), ministro das Finanças Rui Gaudêncio
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A votação das propostas sobre o aumento das pensões no próximo ano foi adiada para quinta-feira, a pedido do Chega, mas o tema continua a ser arma de arremesso entre o Governo e o PS. Nesta terça-feira, ao início da tarde, o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, reiterou que a proposta dos socialistas “cria um problema do ponto de vista das contas públicas”, depois de, durante a manhã, o PS ter acusado o Governo de não saber calcular a actualização anual das pensões.

Os partidos da oposição apresentaram várias propostas de alteração ao OE com o objectivo de reforçar a actualização regular das pensões. Neste momento, a única que parece ter aprovação garantida é a proposta do PS que prevê que as pensões até 1527,78 euros tenham um aumento adicional permanente de 1,25 pontos percentuais.

A proposta do PS cria um problema do ponto de vista das contas públicas, porque cria despesa estrutural e permanente”, defendeu o ministro durante uma conferência de imprensa que teve lugar antes de os deputados terem decidido adiar desta terça-feira para a próxima quinta-feira a votação das propostas relacionadas com as pensões.

O Governo não discorda de continuar a aumentar pensionistas”, assegurou o ministro, lembrando que o executivo sempre disse que quer continuar a subir as pensões e gostaria de o fazer de forma diferenciada, como no suplemento pago em Outubro, diferenciando e privilegiando os que têm rendimentos mais baixos”.

No entanto é preciso cautela do ponto de vista orçamental”, alertou. Miranda Sarmento chamou a atenção para os compromissos com a Comissão Europeia e para a “enorme incerteza em termos europeus e internacionais”, sendo “preferível para o país não criar já o compromisso com despesa permanente, aguardar e, a meio do ano, tomar uma decisão.

O Governo, assegurou, não é contra subir mais as pensões, sobretudo as mais baixas, mas esta não é a forma de o fazer.

A análise feita pela Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) conclui que o aumento adicional de 1,25% proposto pelo PS tem um impacto orçamental anual permanente de 273,8 milhões, um valor correspondente a 0,09% do PIB, alertando que a medida tem um carácter permanente”, ao contrário do bónus pago este ano aos pensionistas.

A conferência de imprensa do ministro das Finanças seguiu-se ao debate que decorreu durante a manhã desta terça-feira no Parlamento e onde o tema das pensões esteve em cima da mesa.

O PS, pela voz do deputado Tiago Barbosa Ribeiro, voltou a acusar o Governo de não saber como se calculam as pensões, referindo-se ao facto de a ministra do Trabalho ter apontado para uma subida de 3,1% no próximo ano, usando como referência um indicador diferente do que está previsto na lei.

Em resposta aos socialistas, o secretário de Estado da Segurança Social, Manuel Campino, insistiu que a maioria das pensões terá um aumento de cerca de 3%.

Como é que vossa excelência pode dizer que os valores estão errados se os definitivos do INE [Instituto Nacional de Estatística] só são conhecidos no dia 15 de Dezembro, questionou, embora uma consulta feita pelo PÚBLICO à agenda do INE não preveja a divulgação de qualquer indicador no dia indicado, que é domingo.

Ontem consultei os dados do INE, que estão públicos no site, e diz que essa taxa que vocês dizem estar errada até Novembro é de 3%. Ou seja, ainda dá um valor superior ao que nós referimos, afirmou.

O Governo já tinha esclarecido que os 3,1% são uma estimativa que se baseia no cenário macroeconómico subjacente ao OE, nomeadamente na previsão de 2,6% aí feita para a taxa média de inflação harmonizada.

A questão é que a fórmula prevista na lei não usa a taxa de inflação harmonizada (que usa uma metodologia comum a todos os países europeus), mas sim a taxa de inflação calculada pelo INE com uma metodologia específica para Portugal, excluindo ainda os preços da habitação.

De acordo com os cálculos do PÚBLICO, os dados preliminares da inflação e do PIB apontam para um aumento de 2,5% das pensões até 1018,52 euros (duas vezes o Indexante dos Apoios Sociais); de 2% para as pensões acima de 1018,52 euros até 3055,56 euros; enquanto acima deste valor e até aos 6111 euros mensais a subida andará próxima de 1,75%.

Em qualquer dos escalões, o aumento é bem inferior ao estimado pelo Governo e é à actualização regular que terá de se somar o aumento extraordinário de 1,25 pontos percentuais proposto pelo PS. com Liliana Borges e Maria Lopes

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