Rússia disparou míssil balístico experimental contra a Ucrânia, afirma Putin

Presidente russo nega disparo de míssil balístico intercontinental contra Dniepropetrovsk. O projéctil disparado é um Oreshnik de alcance intermédio, capaz de transportar uma ogiva nuclear.

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Num discurso televisivo, Vladimir Putin detalhou que a Rússia disparou um míssil de médio alcance Oreshnik contra a Ucrânia VYACHESLAV PROKOFYEV/SPUTNIK/KREMLIN POOL / EPA
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O Presidente russo, Vladimir Putin, confirmou esta quinta-feira que a Rússia disparou um míssil balístico experimental, de alcance intermédio, contra um alvo militar na cidade ucraniana de Dniepropetrovsk. Trata-se de um Oreshnik e não, como acusaram horas antes o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e a Força Aérea da Ucrânia, de um míssil balístico intercontinental (ICBM).

Durante o dia, responsáveis norte-americanos e ocidentais disseram à ABC News, à CBS News e à Reuters que o ataque em causa não parecia, de facto, ter incluído um míssil intercontinental, embora Zelensky tenha escrito na plataforma online Telegram que o “novo rocket” russo tinha “todas as características”, nomeadamente “velocidade e altitude”, de um ICBM.

"O uso do sistema míssil Oreshnik foi uma resposta aos planos norte-americanos de produzir e disponibilizar mísseis de médio e curto alcance. No caso de uma escalada, a Rússia irá responder de forma clara e proporcional", disse mais tarde Putin, num discurso transmitido pela televisão russa.

Os mísseis balísticos de alcance intermédio têm um raio de acção de 3000 a 5500 quilómetros. Um ICBM tem um alcance superior a 5500 quilómetros.

À Reuters, Fabian Hoffmann, um investigador da Universidade de Oslo, assinala contudo que o facto do míssil de alcance intermédio disparado esta quinta-feira ter capacidade de transportar uma ogiva nuclear "é muito mais significativo do assinalar de intenções e é a razão pela qual a Rússia optou" pelo Oreshnik. "Se é um ICBM ou um míssil de alcance intermédio, o alcance não é importante", considera, ao fazer a leitura política e estratégica do ataque.

Não há, contudo, qualquer informação de nenhuma das partes em conflito de que o míssil disparado esta quinta-feira tenha efectivamente transportado uma ogiva nuclear, ficando apenas assinalada a possibilidade teórica de tal ser feito com um Oreshnik.

A Força Aérea ucraniana disse que, no mesmo ataque desta quinta-feira, conseguiu interceptar seis mísseis de cruzeiro russos Kh-101. Do lado da Rússia, o Ministério da Defesa informou que interceptou dois mísseis de longo alcance Storm Shadow, de fabrico britânico, que, segundo fontes militares ouvidas pelo Guardian e pela Bloomberg, começaram a ser usados pelas forças ucranianas na quarta-feira para ataques dentro do território da Federação Russa.

Na sequência das autorizações dos Estados Unidos e do Reino Unido para que as Forças Armadas ucranianas usem mísseis de longo alcance ATACMS e Storm Shadow, respectivamente, para atingir alvos militares dentro do território russo, o Kremlin acusou a NATO de “envolvimento directo” na guerra e prometeu uma resposta “apropriada e palpável”.

Enquanto se tenta perceber se o disparo do míssil experimental de alcance intermédio pela Rússia corresponde a essa retaliação, teme-se uma enorme escalada do conflito. Várias embaixadas em Kiev, incluindo a de Portugal, dos Estados Unidos ou de Espanha, encerraram na quarta-feira, perante a ameaça de um ataque iminente russo.

Esta quinta-feira, o ministro da Defesa da Hungria, Kristof Szalay-Bobrovniczky, anunciou a instalação de um sistema de defesa antiaérea junto à fronteira com a Ucrânia. No mesmo dia, o Governo russo disse que a nova base militar dos EUA na Polónia, inaugurada no passado dia 13, “é mais um passo extremamente provocador numa série de acções profundamente desestabilizadoras por parte dos norte-americanos e dos seus aliados da NATO”.

Numa conferência de imprensa, Maria Zakharova, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, afirmou por isso que, “dada a natureza do nível de ameaça das instalações militares ocidentais, a base de defesa antimísseis de Redzikowo, na Polónia, há muito que foi incluída na lista de alvos prioritários” da Federação Russa “para possível destruição”.

Para além da promessa de retaliação, a Rússia actualizou na terça-feira a sua doutrina nuclear, especificando que ataques “convencionais” de “Estados não nucleares” com o apoio de “Estados nucleares”, recorrendo a aviões de guerra, mísseis de cruzeiro ou veículos não tripulados são considerados como um “ataque conjunto à Federação Russa” que torna “possível uma resposta nuclear”.

Notícia actualizada com a confirmação, pelo Presidente russo, de que o míssil disparado foi um projéctil balístico de alcance intermédio e não de um míssil intercontinental.

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