A última semana da carreira de Rafael Nadal

O tenista espanhol escolheu a fase final da Taça Davis para despedir-se junto dos compatriotas.

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Rafael Nadal Jorge Zapata / EPA
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Foi há 20 anos que Rafael Nadal se estreou na Taça Davis. Perdeu o primeiro singular que realizou, mas redimiu-se dois dias depois dando o ponto que deu a vitória na primeira eliminatória da campanha de 2004. Dez meses depois, na final, voltou a contribuir para o segundo triunfo da Espanha na mais antiga competição anual por países, ainda antes de conquistar, no ano seguinte, em Roland Garros, o primeiro de 22 títulos do Grand Slam.

Nadal voltou a dar a sua contribuição à selecção nos triunfos de 2009, 2011 e 2019. Tendo presente o histórico na prova e o facto da fase final decorrer em Málaga, não é de estranhar que Nadal, aos 38 anos, tenha escolhido a Taça Davis para despedir-se definitivamente da competição diante dos adeptos espanhóis.

“A sensação de jogar pelo nosso país é algo incrível. Em 90% da minha carreira estive com o [David] Ferrer, o [Carlos] Moyá, agora o Carlos Alcaraz... São 20 anos a disputar esta Taça Davis com diferentes relações e, no final, temos uma família. Qualquer um pode ganhar ou perder, mas tentaremos tornar as coisas fáceis para os outros, aproveitar e ultrapassar os maus momentos, pois aqui temos a ajuda de uma equipa dentro de um desporto que costuma ser individual”, explicou Nadal.

O campeão espanhol revelou estar a sentir-se bem, a aproveitar a semana, sem dar muita importância ao assunto da retirada. “Se estiver no court espero controlar as minhas emoções. Não estou aqui para me reformar; estou aqui para ajudar a equipa a vencer. É a minha última semana numa competição por equipas e o mais importante é ajudar a equipa. As emoções virão no final. Antes e depois estarei focado no que tenho de fazer”, adiantou o tenista maiorquino.

Embora sem se saber se o capitão Ferrer vai utilizar Nadal no quarto-de-final com os Países Baixos, esta terça-feira, a selecção espanhola apresenta-se como uma das mais fortes das oito presentes em Málaga, com Alcaraz (4.º no ranking mundial de singulares), Pedro Martinez (42.º) e mais dois trintões, Roberto Bautista Agut (46.º) e Marcel Granollers (3.º no ranking de pares).

A presença da Nadal será igualmente motivadora para a restante equipa, que quer festejar um último título com o melhor tenista espanhol de sempre. “Quero muito que ele se retire com um título. Já vimos antes que não importa que ele não jogue um jogo oficial durante dois, três, quatro meses porque ele vai voltar e poder ganhar o torneio, poder mostrar um nível realmente elevado de ténis. Ele vai estar fresco, com certeza. Muito tempo com a sua família, filhos, esposa. Ter tempo para praticar muito, o que é muito bom para um tenista que chega a um torneio motivado”, afirmou Alcaraz, que jogou ao lado de Nadal este Verão, no torneio olímpico onde se quedaram pelos quartos-de-final, derrotados por uma dupla dos EUA, Austin Krajicek e Rajeev Ram

Aceitando o papel de não favoritos, os Países Baixos já avisaram através do capitão Paul Haarhuis, estarem preparados para encerrar a carreira de Nadal. “Esperamos dar-lhe um bonito ‘adios’. Mas é Taça Davis, tudo pode acontecer. Queremos mais do que os quartos-de-final e para isso teremos que jogar bem”, disse Haarhuis.

Mas não é só a Espanha que se apresenta forte. A Itália, que no ano passado conquistou a primeira Taça Davis desde 1976, volta a ser comandada pelo número um mundial, Jannik Sinner, coadjuvado por Lorenzo Musetti (19.º). Os italianos estreiam-se na quinta-feira diante da Argentina, que apresenta três jogadores do top 40: Sebastian Baez, Francisco Cerundolo e Tomas Martin Etcheverry.

Os EUA também têm três excelentes opções para os singulares, Taylor Fritz (4.º), Tommy Paul (12.º) e Ben Shelton (21.º), além do par Krajicek/Ram. Já a equipa adversária de quinta-feira, a Austrália, não irá contar com Alex de Minaur (9.º), o mesmo acontecendo com a Alemanha, que se estreia na quarta-feira frente ao Canadá desfalcada da sua principal figura, Alexander Zverev (2.º), mas com a presença da dupla campeã das ATP Finals, Kevin Krawietz/Tim Puetz.

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