IP reabre 38 quilómetros da Linha da Beira Alta entre Celorico e Guarda

Serviço inicia-se em 25 de Novembro com dois comboios em cada sentido entre Celorico da Beira e Vilar Formoso. Reabertura total só em 2025.

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A CP optou por ter um serviço rodoviário de substituição da ferrovia Adriano Miranda
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Encerrada entre Pampilhosa e Guarda (168 quilómetros) em Abril de 2022 por um período previsto de nove meses, a Linha da Beira Alta vai reabrir, 31 meses depois, mas só entre Celorico da Beira e Guarda (38 quilómetros). O grosso deste corredor ferroviário continua fechado para ultimar os trabalhos de modernização e sobretudo para resolver problemas imprevistos no troço Mangualde – Gouveia na sequência da demolição do túnel de Mourilhe, que deixou a plataforma ferroviária instável.

Agora a nova data para a reabertura (total) da Linha da Beira Alta é o “primeiro trimestre de 2025”, de acordo com declarações do presidente da IP, Miguel Cruz, no passado dia 16 de Outubro à Comissão de Obras Públicas da Assembleia da República.

O troço que vai reabrir é, para a CP, pouco importante do ponto de vista comercial, e por isso só vai ter duas circulações em cada sentido, não apenas de Celorico para a Guarda, mas também para Vilar Formoso. Isto porque, apesar de o troço Guarda – Vilar Formoso ter estado aberto à exploração (nele têm circulado comboios de mercadorias que têm utilizado a Linha da Beira Baixa, o que continuará a acontecer apesar da abertura deste troço), a CP optou por ali manter também um serviço rodoviário de substituição, tal como no resto da linha que estava fechada.

Agora, a partir de 25 de Novembro, uma automotora regional sairá de Vilar Formoso às 5h15 e 16h15 para Celorico da Beira, de onde partirá em sentido contrário às 12h20 e 17h20. A viagem demora duas horas com paragens em todas as estações e apeadeiros.

Já o serviço de longo curso terá de esperar pelos primeiros meses de 2025, continuando a CP a assegurar o Intercidades da Beira Alta só até Coimbra, de onde partem os autocarros de substituição para as estações que eram servidas pelo comboio. Curiosamente, apesar de nelas já não passarem comboios há dois anos e sete meses, há três estações que continuam com as bilheteiras abertas: Santa Comba Dão, Nelas e Mangualde, com funcionários da CP a assegurarem os respectivos turnos de serviço.

No entanto, vai manter-se a sinalização antiga já que a nova sinalização apenas vai estar pronta no final de 2025. A nova sinalização é o ERTMS (Sistema Europeu de Gestão de Tráfego Ferroviário), que faz parte do projecto de modernização da Linha da Beira Alta e que deveria estar instalado aquando da sua reabertura.

A ausência deste moderno sistema de sinalização e telecomunicações não vai impedir a circulação dos comboios aquando da reabertura total da linha, prevista para o primeiro trimestre do próximo ano, mas causará novas perturbações quando for instalado ao longo de todo percurso.

Em 2019 a CP transportou 633 mil passageiros na Beira Alta, valor que desceu abruptamente para 368 mil devido à pandemia. Quando em 2022 começava a recuperar (421 mil), a linha encerrou e 2024 deverá terminar com menos de 200 mil passageiros. Segundo a CP, a quebra de receitas em 2024 deverá rondar os 7 milhões de euros.

No século XIX a construção deste corredor ferroviário entre a Figueira da Foz e Vilar Formoso demorou três anos e dez meses. No século XXI a segunda modernização da Beira Alta (houve uma na década de 90 do século passado) já vai em cinco anos, pois os trabalhos tiveram início em 2019. Desde 2022 que está encerrada porque, de acordo com a IP, “a interdição permite que as empreitadas decorram com maior eficiência, com importantes ganhos no encurtamento dos prazos de execução, poupanças ao nível dos encargos e forte mitigação dos transtornos provocados”.

A indemnização aos operadores (CP, Medway e Captrain) por não poderem utilizar a Linha da Beira Alta já custou à IP mais de 12 milhões de euros. O investimento previsto para as obras nesta ligação ferroviária é de 600 milhões de euros

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