BCE volta a baixar juros perante abrandamento da inflação “bem encaminhado”

Autoridade monetária do euro baixou as taxas de referência em 0,25 pontos. É o segundo corte consecutivo, o terceiro em 2024. Taxa principal cai para 3,25%.

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Christine Lagarde em Junho, quando o BCE fez o primeiro corte nos juros de 2024 FRIEDEMANN VOGEL / EPA
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O abrandamento da inflação ao longo deste ano e os recentes sinais positivos do último mês levaram o Banco Central Europeu (BCE) a decidir baixar as taxas de juro de referência, que influenciam os custos de financiamento dos particulares e empresas no espaço da moeda única.

Na reunião desta quinta-feira, o principal órgão de decisão do BCE cumpriu as expectativas de analistas de mercado e reduziu as três taxas de juro directoras em 25 pontos base em relação aos valores fixados na última reunião, de Setembro. Com esse corte, a principal taxa passa de 3,5% para 3,25%.

É a segunda redução consecutiva decidida pelo BCE e a terceira deste ano: houve uma primeira em Junho e outra em Setembro. Agora, a instituição liderada por Christine Lagarde decidiu repetir o corte perante a melhoria de resultados na inflação, que em Setembro ficou num patamar inferior a 2%,

No comunicado emitido a partir de Liubliana, na Eslovénia, onde decorreu a reunião desta quinta-feira, o conselho BCE justifica que “a informação que tem vindo a ser disponibilizada sobre a inflação indica que o processo desinflacionista está bem encaminhado” e, sublinha, “as perspectivas de inflação também são afectadas por recentes surpresas em baixa dos indicadores da actividade económica” e as condições de financiamento permanecam “restritivas”.

Depois de uma primeira descida na principal taxa em Junho de 4% para 3,75%, e de em Julho ter decidido manter o valor inalterado, o BCE reduziu a taxa em Setembro para 3,5% e foi perante a evolução da inflação no conjunto dos 20 países que partilha o euro que entendeu manter a trajectória de quebra das taxas.

A inflação recuou de 2,6% para 2,2% em Agosto e, já em Setembro, ficou nos 1,7%.

Apesar disso, o BCE avisa no comunicado desta quinta-feira que “a inflação deverá subir nos próximos meses, descendo depois” para confluir para o objectivo do BCE. “A inflação interna mantém‑se alta, porque os salários ainda estão a aumentar a um ritmo elevado. Ao mesmo tempo, as pressões sobre os custos do trabalho deverão continuar a registar um abrandamento gradual, com os lucros a amortecer parcialmente o impacto dessas pressões na inflação”, afirma o conselho.

Apesar de ter descido as taxas em duas reuniões consecutivas, o BCE não abre o jogo sobre o que fará nos próximos meses, dizendo que “continuará a seguir uma abordagem dependente dos dados e reunião a reunião”, não se comprometendo “previamente com uma trajectória de taxas específica.”

As “decisões sobre as taxas de juro basear‑se‑ão na avaliação das perspectivas de inflação, à luz dos dados económicos e financeiros que forem sendo disponibilizados, da dinâmica da inflação subjacente e da robustez da transmissão da política monetária”, salienta, dizendo-se “determinado” a assegurar “o retorno atempado da inflação ao seu objectivo de médio prazo de 2%.”

O BCE é responsável por fixar três taxas de juro oficiais: a da facilidade permanente de depósito, que corresponde à taxa a que os bancos podem constituir depósitos junto do banco central, servindo por isso de referência para determinar os custos dos empréstimos pedidos pelos bancos junto do Eurosistema; a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento, que tem um diferencial (inferior) de 15 pontos base em relação à anterior, fixa o custo dos empréstimos pedidos pelos bancos pelo período de uma semana; e a taxa de juro da facilidade permanente de cedência marginal de liquidez corresponde à taxa a que os bancos podem obter liquidez

Todas baixaram. A mais importante, passou dos tais 3,5% para 3,25%. A das operações principais de refinanciamento, que estava nos 3,65%, caiu para 3,4%; e a taxa da facilidade permanente, até aqui nos 3,9%, recuou para 3,65%. Os novos valores produzem “efeitos a partir de 23 de Outubro”, indica o BCE no comunicado.

A taxa da facilidade permanente de depósito é a que mais influencia a trajectória das taxas Euribor, que, por sua vez, são relevantes para a definição dos custos suportados pelos clientes bancários nas prestações da habitação. Em Portugal, a larga maioria dos financiamentos é contratada com taxas variáveis (Euribor a 12, a seis e a três meses).

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