Detenção do activista anti-caça à baleia Paul Watson prolongada na Gronelândia

Defesa autorizada a apresentar caso no Supremo Tribunal da Dinamarca. Mas juiz da Gronelândia não quis apreciar vídeos e outros materiais que os advogados dizem pôr em causa acusações do Japão.

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Campanha pela libertação de Paul Watson em Nova Iorque David Dee Delgado/REUTERS
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Um tribunal da Gronelândia prolongou por mais três semanas, até 23 de Outubro, a detenção do veterano activista contra a caça à baleia Paul Watson, detido em Julho, numa paragem naquele território autónomo da Dinamarca, um país da União Europeia, em cumprimento de um mandado de captura da Interpol emitido a pedido do Japão em 2012.

De dupla nacionalidade canadiana e norte-americana, Watson, de 73 anos, é fundador do grupo conservacionista Sea Shepherd e da Fundação Capitão Paul Watson, foi detido numa paragem do seu navio em Nuuk, na Gronelândia, a 21 de Julho.

A Sea Shepherd enfrentou muitas vezes os navios baleeiros japoneses, que continuaram a caçar baleias apesar de isso ter sido proibido por uma moratória imposta pela Comissão Baleeira Internacional em 1986, que aplica a Convenção Internacional para a regulação da Actividade Baleeira, assinada em 1946. Apesar de ter assinado a moratória, o Japão invocou uma excepção nos acordos, que permite a caça para "fins científicos".

Essa actividade foi durante anos contestada não só por ambientalistas como por vários Estados. Em 2014, na sequência de uma queixa da Austrália, o Tribunal Internacional de Justiça, o órgão máximo judicial da ONU, considerou que a caça que o Japão promovia na Antárctida era apenas um programa comercial disfarçado de científico. Em 2019, o Japão abandonou a Comissão Baleeira Internacional para se dedicar livremente à caça à baleia.

Capitaneando embarcações de defensores das baleias, Watson foi ao encontro dos navios baleeiros japoneses no mar, para dificultar a sua actividade e impedir a morte dos grandes cetáceos ameaçados de extinção, com uma organização que se tornou famosa, a Sea Shepherd. Estas tentativas de impedir a actividade nipónica recebiam sempre grande atenção mediática.

O caso concreto que levou o Japão a pedir o mandado de captura internacional contra Paul Watson pedido pelo Japão diz respeito a um caso que envolveu outro activista, neozelandês. O Japão acusa Watson de ter invadido uma embarcação japonesa no oceano Antárctico em 2010, obstruindo a sua actividade e causando ferimentos e danos materiais.

Esta versão da história é contestada pela defesa, que considera que as autoridades japonesas estão a distorcer os factos. A defesa diz ter provas, nomeadamente gravações vídeo, que desmontariam as acusações que estão na base do mandado de captura. Mas o juiz do tribunal de Nuuk não quer apreciar essas provas.

"Consideramos que os critérios para extradição foram preenchidos, de acordo com as acusações no mandado de captura japonês. Portanto, não faz sentido analisar outros documentos", terá dito o juiz, citado pela Fundação Capitão Paul Watson no X. A defesa, no entanto, foi autorizada a levar a detenção de Watson à apreciação do Supremo Tribunal dinamarquês.

" Na nossa opinião, o tribunal da Gronelândia e o tribunal distrital da Gronelândia estão a deter Paul Watson sem saber do que se trata realmente o caso", disse à Reuters o advogado de defesa Jonas Christoffersen.

Os advogados de Watson afirmaram anteriormente que não se podia confiar no sistema judicial japonês para dar ao activista um julgamento justo e que a Dinamarca devia recusar o pedido de extradição.