Estreia europeia do FC Porto ameaçada pelo “milagre do Árctico”

Os “dragões” estreiam-se, nesta tarde, na Liga Europa na cidade de Bodo, casa do campeão norueguês e localizada 200 quilómetros a Norte do Círculo Polar Árctico.

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O FC Porto vai estrear-se na Liga Europa no Norte da Noruega FERNANDO VELUDO / LUSA
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A data do jogo é benéfica para o FC Porto - dentro de um mês, quando o Sp. Braga se deslocar a Bodo, a probabilidade de as temperaturas serem negativas é muito alta -, mas a estreia europeia nesta época dos “dragões” aporta riscos elevados para a equipa de Vítor Bruno.

No primeiro jogo da Liga Europa 2024/25, os portistas terão no sintético do Aspmyra Stadion um difícil obstáculo, mas as dificuldades não ficarão por aí: campeão norueguês e líder confortável do seu campeonato a apenas sete jornadas do seu final, o Bodo/Glimt é um dos clubes financeiramente mais sustentáveis da Europa e, nos últimos anos, tem somado importantes sucessos desportivos.

Por esse motivo, o clube que em 2021 impôs a José Mourinho uma das derrotas mais humilhantes do seu currículo - 6-1, quando o português treinava a AS Roma - já foi apelidado de “milagre do Árctico”.

A latitude é pouco comum no mapa do futebol mundial – a cidade norueguesa de Bodo fica 200 quilómetros a Norte do Círculo Polar Árctico -, e a viagem de mais de três mil quilómetros que os jogadores do FC Porto terão no corpo será, certamente, motivo de preocupação para Vítor Bruno. Porém, os perigos para os “azuis e brancos” quando nesta quarta-feira, às 17h45 (SPTV5), o árbitro israelita Orel Grinfeeld apitar para o início da partida, estarão igualmente na competência do rival norueguês.

Conhecida até há uma dezena de anos pela indústria do bacalhau e por ser um dos melhores locais no planeta para ver auroras boreais, a pequena cidade de Bodo, a 12.ª maior cidade da Noruega com cerca de 50 mil habitantes, ganhou através do futebol um novo mediatismo.

Apesar de ter sido fundado em 1916, o Bodo/Glimt tinha, mais de cem anos depois, apenas dois títulos no seu currículo: a Taça da Noruega, em 1973 e 1993. Porém, por mérito de Kjetil Knutsen, tudo mudou a partir de 2018.

Sem passado como jogador profissional e com um currículo pobre como treinador, o técnico chegou a Bodo em 2017, com o clube na segunda divisão, onde assumiu um cargo de adjunto. No ano seguinte, já com o Bodo/Glimt promovido ao principal escalão norueguês, Knutsen passou a liderar a equipa e, no primeiro ano, igualou a melhor classificação de sempre do clube: 2.º lugar.

Esse foi o pontapé de partida para um ciclo sem precedentes no futebol da Noruega. Nos últimos quatro anos, sempre com Knutsen no comando, o Bodo/Glimt foi campeão em 2020, 2021 e 2023, e, este ano, tem o bicampeonato na mão: sete pontos de vantagem sobre o Brann, a sete jornadas do fim.

Apostando numa mentalidade ofensiva - da qual não deverá abdicar frente ao FC Porto – e com uma equipa com um estilo de jogo muito escandinavo – o plantel é composto por 23 noruegueses, quatro dinamarqueses, um russo, um checo e um esloveno – a equipa do Bodo/Glimt tem um valor de mercado de 37,25 milhões de euros, segundo o Transfermarkt, o que significa que o capitão do FC Porto vale mais do que todo o plantel do campeão norueguês: o passe de Diogo Costa está cotado nos 45 milhões.

Apesar deste facto e de salientar que vai defrontar um rival “do nível da Liga dos Campeões”, Kjetil Knutsen garantiu na antevisão que, embora tenha pela frente “um grande desafio” irá, “como sempre”, manter os princípios da sua equipa: “Será sempre no estilo do Glimt. Somos uma equipa de ataque e vamos jogar em casa. Por isso, tentaremos sempre controlar o jogo”.

Do outro lado, a comitiva portista que partiu nesta terça-feira para a Noruega incluía 27 jogadores - Zaidu e Fábio Vieira são as principais baixas – e foi liderada por André Villas-Boas, que foi o porta-voz da ambição “azul e branca”: É o compromisso com a vitória que o FC Porto tem de ter em todas as competições. Com a história que temos, o limite é vencer."

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