Caro leitor,

Temido por uns, desejado por outros, mas inevitável para todos: ninguém escapa ao dia de regressar ao escritório depois das férias.

Setembro é o mês, por excelência, da rentrée. É verdade que nem todos temos férias ao mesmo tempo – e se há quem esteja a chegar agora, também há quem esteja a ir. Mas é inevitável reparar que, por estes dias, Lisboa vai lentamente voltando ao seu ritmo habitual. Vê-se principalmente nas filas, nos transportes, no trânsito. Mas também na cor saudável das pessoas pela rua, nos sorrisos pós-férias no escritório.

É o fim dos dias de ócio. Voltar à rotina é (também) "uma mudança" e, "dependendo do grau de diferença" face aos dias de férias, pode "exigir muito das pessoas na adaptação", resume Teresa Espassandim, psicóloga especialista em psicologia do desenvolvimento de carreiras.

A disposição na hora do regresso também está dependente de vários factores. As férias foram reparadoras? Se não, é possível que regressar custe mais. O ambiente no trabalho antes de ir de férias era mau? Com menores "níveis de saúde e bem-estar", o regresso pode ser mais custoso.

Mas haverá formas de voltar bem? Eis as dicas (aprovadas por uma psicóloga) para o regresso ao trabalho.

  • Evitar a sobrecarga imediata: nos primeiros dias de regresso, tente limitar as reuniões e início de novos projectos. "Recuperar o ritmo sem pressão excessiva" é o ideal;
  • Comunicação transparente: "Informar colegas ou eventuais superiores sobre o tipo de disponibilidade que vou ter nos primeiros dias". Quem não foi de férias pode estar a contar connosco – mas é preciso dizer-lhe de forma clara que o regresso será gradual;
  • Objectivos pequenos e alcançáveis "para dar uma sensação de controlo";
  • Começar logo a aplicar técnicas de gestão do stress: esta é uma dica para o ano inteiro e não apenas para o regresso depois das férias. Teresa Espassandim recomenda "agendar, mesmo com um alarme" pequenas pausas durante o dia para "respirar profundamente, recentrar", o que ajuda a "manter a energia e o foco";
  • Foco nas experiências positivas das férias, que funcionam como "um reforço emocional" positivo;
  • Pedir ajuda no início, se se sentir assoberbado: "Estamos a regressar, se sentir dificuldades, os outros não adivinham", reforça a psicóloga;
  • E por fim, uma rotina de hábitos saudáveis, recheada de tudo o que já conhecemos: sono, exercício físico e alimentação equilibrada. Se não começou nas férias, pode começar agora — há quem diga que Setembro (e não Janeiro) é o verdadeiro início do ano. 

Dicas extra: o que fazer antes de ir das próximas férias.

  • Quando estiver a marcar férias olhe bem para o calendário: tente que o regresso aconteça a meio da semana. Isso faz com que a semana do regresso seja mais curta e permite "recuperar o ritmo aos poucos". "A concentração não está no seu auge quando voltamos de férias, ao contrário do que pode parecer", lembra a psicóloga;
  • Organizar o ambiente de trabalho: "Deixar uma lista clara de tarefas pendentes, saber a quem se delegou determinadas tarefas durante a ausência" pode "reduzir a sensação de sobrecarga no regresso".

O que fazer quando o regresso está a ser ainda mais difícil do que antecipei? Quando a vontade de voltar é nula? A que ponto devo começar a preocupar-me?

Se, mesmo depois de aplicar estas estratégias, "a sensação de desconforto, insatisfação, ou até de aversão permanecer", é sinal de que "é um pouco mais do que isso", explica Teresa Espadassim.

"Pode ser algo clínico, um sinal que a minha situação prévia não era melhor respondida com férias. Se calhar, preciso de ajuda profissional porque posso estar já num processo de exaustão. Se permanece, é porque há algo que me traz insatisfação e devo pensar sobre isso."

Até para isso há dicas — e bem concretas. Sente-se a fazer uma lista, por escrito, dos aspectos positivos do trabalho. Pense nas funções, mas também no local de trabalho como um todo – no fundo, obrigue-se a fazer um balanço. Qual é a conclusão? Se os contras superam os prós, então pode "beneficiar de outra gestão de carreira".

Além disso, lembra a psicóloga, o que conseguimos fazer e controlar tem um limite – há todo um conjunto de factores que são responsabilidade do empregador (e não do trabalhador). "Parece que podemos tudo e que devemos tudo sozinhos, mas é diferente estar no lugar A ou no lugar B. Há locais de trabalho tóxicos e outros que são saudáveis", resume. E agora é uma boa altura para pensar nisso.


Trabalho extra

Cinco aplicações para o regresso ao trabalho

Ainda sobre o tema da rentrée, partilho o artigo do El País sobre aplicações que podem ajudar a "ultrapassar a síndrome pós-férias", como lhe chamam. Ajudam com a parte dos bons hábitos – comida saudável, desporto, organização e meditação e bem-estar.

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