Dez dias em Paris: menos medalhas e menos diplomas para Portugal
Em comparação com Tóquio, os Jogos de 2024 estão a dar menos resultados de topo a Portugal. Mas ainda podem melhorar.
É uma comparação puramente estatística e não significa necessariamente que os Jogos de Paris 2024 estejam a correr pior a Portugal que os de Tóquio 2020, porque o número de atletas em competição é diferente e os calendários não são exactamente iguais. O que se pode dizer é que os primeiros dez dias de Portugal em Paris não estão a ser tão bons como os primeiros dez dias de Tóquio.
Na capital japonesa, por esta altura, Portugal já tinha duas medalhas, o bronze de Jorge Fonseca e a prata de Patrícia Mamona. Na capital francesa, ainda só teve uma. Em diplomas, a diferença é também de um – sete em Tóquio, seis em Paris. Um ponto em comum entre os dois Jogos: a primeira medalha veio do judo, o bronze de Patrícia Sampaio, no mesmo dia em que o primeiro medalhado de Tóquio, Jorge Fonseca, caiu ao primeiro combate. E Mamona, lesionada, nem sequer esteve em Paris para defender a sua prata.
O judoca português não foi o único que teve piores resultados em relação aos Jogos anteriores. Também no judo, Catarina Costa ficou-se pelo segundo combate, depois de ter lutado pelo bronze em Tóquio. E no skate, Gustavo Ribeiro não deu seguimento em Paris à sua exibição na estreia olímpica na modalidade – no Japão qualificou-se para a final e foi 8.º (com uma lesão no ombro), em Paris ficou-se pelas qualificações. Também Yolanda Hopkins não esteve tão bem no surf – nas ondas japonesas, ainda chegou aos quartos-de-final, no Taiti, ficou-se pela ronda anterior.
Entre Tóquio e Paris, Portugal teve duas finalistas diferentes no lançamento do disco feminino. Liliana Cá teve um resultado histórico em Tóquio (5.º), Irina Rodrigues não melhorou essa posição em Paris (9.º). Outra diferença esteve no dressage por equipas – Portugal foi oitavo em Tóquio, em Paris não esteve na final.
E o que melhorou em relação a Tóquio? Acima de todas as modalidades, o triatlo. Ainda não chegou ao patamar de Vanessa Fernandes em Pequim 2008 (medalha de prata), mas esteve lá perto, com os diplomas de Vasco Vilaça (5.º) e Ricardo Batista (6.º) nas provas individuais e da estafeta mista (5.º) a prometerem mais para os próximos Jogos.
Gabriel Albuquerque, o mais novo de toda a comitiva, teve uma estreia olímpica em grande – quinto na final, melhor do que Diogo Abreu em Tóquio (11.º). Outra novidade bem-vinda foi a presença de Maria Inês Barros, 8.º no fosso olímpico e muito perto de chegar à final. Quanto a Nélson Oliveira, confirmou as suas credenciais como contra-relogista de elite, ao ser sétimo.
Para os próximos seis dias de competição olímpica, Portugal ainda tem muitas fontes de potenciais medalhas. Por exemplo, ainda não começou a canoagem – e Portugal tem dois barcos campeões do mundo, o K1 de Fernando Pimenta e o K2 de João Ribeiro e Messias Baptista - e na vela Carolina João e Diogo Costa, no 470 misto, estão bem posicionados para chegarem à regata das medalhas.
Ainda não entraram em acção os craques do ciclismo de pista, ainda não começaram a saltar Pedro Pichardo e Agate de Sousa, ainda não nadou Angélica André e ainda não dançou Vanessa Marina. Não o estão a ser, mas os Jogos de Paris ainda podem ser os melhores de sempre.