Os outros jogos dos “quartos” no Euro 2024: Suíça e Turquia contra favoritismos

Inglaterra e Países Baixos apostam tudo para se encontrarem nas meias-finais. Depois da suspensão de Demiral, presidente turco fez saber que vai torcer pela sua selecção no estádio.

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Merih Demiral foi suspenso por dois jogos e não vai estar na partida contra os Países Baixos Annegret Hilse / REUTERS
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A titubeante qualificação da Inglaterra para os quartos-de-final do Euro 2024 frente à Eslováquia (2-1) voltou a fazer soar os alarmes em relação às capacidades da finalista vencida da última edição deste torneio. Até porque terá, este sábado, pela frente a Suíça, uma das selecções que melhor futebol tem apresentado na prova e que já eliminou a campeã Itália, na eliminatória anterior.

Colocar a poderosa Alemanha em sentido perante o seu público não é uma tarefa simples. Mas a Suíça fê-lo, na fase de grupos. Esteve a vencer desde os 29’, até um golo providencial nos descontos salvar os germânicos em Frankfurt.

A geração de ouro do futebol suíço parece ter guardado a melhor versão para este Europeu, onde acredita nas possibilidades de alcançar, pelo menos, a final. Após a exibição com a Alemanha e o triunfo natural, sem grandes sobressaltos, sobre os italianos (2-0), os ingleses não assustam em particular, até pelas exibições amorfas que têm protagonizado.

Isto apesar de a Suíça lutar contra a tradição e a estatística. Até agora, venceram apenas uma partida oficial com a selecção britânica e já ofuscada pelo tempo. Foi em 1981, no apuramento para o Mundial 1982, em Espanha (2-1).

Uma das grandes surpresas destes quartos-de-final é a Turquia, que irá defrontar os favoritos Países Baixos com preocupações acrescidas. O gesto polémico do jogador Merih Demiral durante a partida com a Áustria irá retirar, por castigo, o autor dos dois golos que ditaram a eliminação da Áustria na ronda anterior (2-1) deste encontro decisivo.

Durante os festejos de um dos golos, o futebolista fez com as mãos um gesto associado aos Lobos Cinzentos, um grupo ultranacionalista turco, o que motivou uma pronta reacção da UEFA, organismo máximo do futebol europeu, que suspendeu o atleta por dois jogos, mas também do Governo alemão, país organizador do torneio.

Logo na quarta-feira, após a UEFA anunciar a abertura de uma investigação sobre um “potencial comportamento inapropriado”, a ministra do Interior alemã, Nancy Faeser, criticou severamente o acto. “O símbolo dos extremistas de direita turcos não têm lugar nos nossos estádios”, avisou.

Um comentário que originou uma pequena crise entre os dois países, com o embaixador germânico na Turquia a ser convocado pelo regime liderado por Recep Tayyip Erdogan. O Presidente turco anunciou, entretanto, que irá assistir ao encontro com os Países Baixos, cancelando a participação numa cimeira regional no Azerbaijão.

"Alguém pergunta porque é que a camisola nacional alemã tem uma águia, ou a camisola francesa um galo?", perguntou Erdogan, em declarações a jornalistas num voo do Cazaquistão. "Com aquele gesto, Merih mostrou o seu entusiasmo", disse. "Esperemos que toda a questão seja resolvida no sábado. Deixemos o campo com uma vitória e passemos à próxima ronda", afirmou Erdogan.

Tendo em conta a forma como o líder turco costuma aproveitar as polémicas de política externa para mobilizar o apoio dos turcos, alguns observadores apostam que Erdogan não se vai limitar a assistir à partida.

Lembrando que Erdogan é "alguém que conhece muito bem o futebol e a política", a correspondente da emissora alemã Deutsche Welle em Istambul, Julia Hahn, sugere que o chefe de Estado poderá aproveitar para apelar aos seus eleitores nacionalistas, insatisfeitos com a crise económica e com a presença de refugiados sírios. “Eu não ficaria surpreendida se ele também fizesse esse gesto no camarote VIP do estádio em Berlim”, disse Hahn.

Optimismo

Um encontro que os neerlandeses encaram com particular optimismo, face aos potenciais adversários mais fortes que poderiam encontrar nesta fase da prova. Para reforçar o entusiasmo, está bem presente na memória a goleada, por 6-1, imposta aos turcos no último jogo oficial entre as duas equipas, em Setembro de 2021, na fase de apuramento para o Mundial do Qatar, no ano seguinte.

Mas a verdade é que este triunfo robusto, se seguiu a uma derrota no primeiro jogo na Turquia, por 4-2. Para não falar na derrota por 3-0 fora dos Países Baixos na qualificação para o Euro 2016.

Resultados que arrefecem um eventual favoritismo neerlandês, até porque os turcos deixaram pelos "oitavos" a complicada Áustria, que bateu os Países Baixos (3-2) na fase de grupos, qualificando-se no primeiro lugar, à frente da França.

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