Mr Medvedev ultrapassou em Wimbledon a fase “Dr Jekyll” com distinção

Jannik Sinner precisou de três sets para ultrapassar Matteo Berrettini.

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Daniil Medvedev Paul Childs / REUTERS
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Quem viu Daniil Medvedev sentar-se na cadeira quando perdia por 3/6 no tie-break, por pensar que o primeiro set já tinha terminado, deverá ter achado que o russo não estava com vontade para discutir o encontro da segunda ronda do torneio de Wimbledon. E quando o seu adversário, Alexandre Muller, se adiantou para 3-0 no segundo set, era difícil adivinhar que o semifinalista de 2024 teria condições mentais para inverter o sentido do encontro. Mas a verdade é que Medvedev não ocupa o quinto lugar do ranking por acaso. A presença nas meias-finais no ano passado demonstrou ao próprio que tem condições para ir longe na prova. Apoiado no forte serviço e nas pancadas “chapadas”, Medvedev deu a volta ao encontro e, ao fim de três horas e meia, somou a segunda vitória no All England Club.

“Senti-me mesmo muito frustrado com a minha exibição, por ele estar a jogar bem, muitas bolas a bater na rede e a cair do meu lado, talvez uns 12 ‘lets’, e fiquei um pouco louco. Ouvi o árbitro a falar comigo, talvez estivesse a acalmar-me, mas depois percebi ‘Daniil, está 6/3… 6/3!’. Achei piada, mas estou contente por me ter mantido composto no segundo set, servi bem, só perdi o serviço por duas vezes o que não é mau em quatro sets”, afirmou Medvedev, autor de 14 ases para eliminar Muller, por 6-7 (3/7), 7-6 (7/4), 6-4, 7-5, num encontro de três horas e meia, que decorreu no mítico “central” e não no court n.º 1 como tanto gosta.

“Por alguma razão, este é muito mais lento; ressalto lento, não escorrega como é normal na relva. Quanto mais encontros puder disputar aqui, mais oportunidades tenho de jogar cada vez melhor”, afirmou o russo que tem como primeira memória de Wimbledon o triunfo de Maria Sharapova em 2004. E no 20.º aniversário da conquista do seu primeiro major, a compatriota esteve sentada na Royal Box a testemunhar a vitória de Medvedev, que terá como próximo adversário Jan-Lennard Struff (41.º).

Sem perder qualquer set até ao momento, Carlos Alcaraz viu o australiano Aleksandar Vukic (69.º) servir para fechar a partida inicial, mas, após ganhar o tie-break, assumiu o controlo do encontro, que terminou com os parciais de 7-6 (7/5), 6-2 e 6-2.

Já Tommy Paul (13.º), que chegou a Wimbledon com o título conquistado na relva do prestigiado Queen’s – foi o primeiro tenista norte-americano em 14 anos a consegui-lo – ganhou 12 dos últimos 13 pontos para derrotar Otto Virtanen (147.º), por 4-6, 6-3, 5-7, 7-5 e 6-4.

No derby italiano aguardado desde o sorteio, Jannik Sinner levou a melhor sobre Matteo Berrettini (59.º), ao fim de três horas e 42 minutos de um encontro que terminou às 22h30 locais. Berrettini, finalista aqui em 2021, salvou um match-point a 5-6 do quarto set, mas voltou a baixar de nível no derradeiro tie-break, para ceder, por 7-6 (7/3), 7-6 (7/4), 2-6 e 7-6 (7/4)

Outro italiano em destaque foi o veterano Fabio Fognini. Agora com o cabelo loiro, o número 94.º do mundo eliminou Casper Ruud (8.º), por 6-4, 7-5, 6-7 (1/7), 6-3, mas só conseguiu fechar no quarto match-point.

"Todos sabem o que ele fez, jogou finais de Grand Slams. Ele não gosta desta superfície tanto quanto das outras, mas ainda está entre os 10 primeiros do mundo. Tenho 37 anos. É um grande presente para mim", frisou Fognini.

Destaque ainda para as vitórias de Thanasi Kokkinakis e Tomas Machac depois de recuperarem de 0-2 em sets. Kokkinakis (93.º) derrotou Felix Auger-Aliassime (17.º), por 6-4, 5-7, 7-6 (11/9), 6-4 e 6-4, mas teve de anular quatro match-points no tie-break do terceiro set antes de assinar a primeira vitória em nove anos cobre um top 20.

Machac (39.º) viu David Goffin (83.º) liderar por 6-3, 6-3 e 3-1, antes de derrotar o belga, repescado do qualifying para o lugar de Andy Murray, por 3-6, 3-6, 6-4, 6-1 e 7-6 (10/5).

Francisco Cabral (66.º no ranking mundial de pares) foi o primeiro português a entrar em acção na prova de pares masculinos e, ao lado do colombiano Nicolas Barrientos (52.º) derrotaram a décima dupla mais cotada do torneio, formada por Ivan Dodig (17.º) e Austin Krajicek (19.º), com os parciais de 7-6 (7/4), 7-6 (8/6).

No torneio feminino, Emma Raducanu (135.ª) levou 75 minutos para ultrapassar Elise Mertens (33.ª): 6-1, 6-2. Bem menos tempo levou a tenista britânica a aceitar o convite de Andy Murray para jogar na prova de pares mistos.

“Foram cerca de 10 segundos. Para mim é uma oportunidade na vida: jogar em Wimbledon com Andy Murray. Quando tiver 70 anos, vou ter essa memória. Foi uma honra ter sido convidada”, disse a campeã do US Open de 2021.

Campeã do Slam americano em título, Coco Gauff (2.ª) também só cedeu três jogos (6-2, 6-1) à qualifier romena Anca Todoni (141.ª), apesar da exibição modesta, traduzida por somente 43% de primeiros serviços válidos, 13 winners e 16 erros não forçados.

Rápida foi igualmente a compatriota Emma Navarro (17.ª) a eliminar a ex-número um mundial, Naomi Osaka (113.ª). A norte-americana de 23 anos e recém entrada no top 20, ganhou, por 6-4, 6-1, em 59 minutos.

Mas Osaka, que nunca foi além da terceira ronda em Wimbledon, aceitou a derrota com optimismo, pois assim tem mais tempo para preparar-se para os Jogos Olímpicos, que terão lugar em Roland-Garros, a partir de 27 de Julho.

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