Guarda-roupa de Bridgerton tem pouco de britânico e é feito em Espanha

A Peris Costumes, que também tem um armazém em Marvila, Lisboa, produz grande parte dos figurinos da série de sucesso da Netflix.

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A terceira temporada da série centra-se nas personagens Penelope e Colin DR
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No Instagram e no TikTok circulam vídeos com dicas para recriar o estilo da série Bridgerton, passada na sociedade londrina no final do século XIX. Só que o muito falado guarda-roupa não é feito em Londres, mas em Madrid pela Peris Costumes, sediada em Algete, nos arredores da capital espanhola, e com um armazém em Lisboa.

Na série da Netflix, é no atelier da Madame Delacroix que as jovens da sociedade vão fazer os seus vestidos para os inúmeros bailes da trama. Mas, na realidade, a verdadeira criadora das peças é a norte-americana Ellen Mirojnic, responsável pelos figurinos das personagens principais das três temporadas, adaptadas a partir dos livros de Julia Quinn.

Os vestidos de corte vitoriano, que também podiam ter saído de um romance de Jane Austen, têm sido um sucesso e foi a própria Ellen Mirojnic a contactar a Peris Costumes. “Ela contactou-nos para que fizéssemos alguns testes de alfaiataria em fatos completos de homem. Enviámos alguns protótipos que eles gostaram muito e, a partir desse momento, colaborámos com todas as temporadas da série e com diferentes figurinistas”, explicou recentemente a responsável de comunicação da empresa, Myriam Wais, ao jornal La Voz de Galicia.

A colaboração já dura desde o início da série, em 2020, e todos os fatos são feitos manualmente pelo seis alfaiates da equipa, seguindo a modelagem também feita no atelier dentro do complexo de 35 mil metros quadrados, em Algete. Já os vestidos ficam a cargo da oficina de costureiras com dez profissionais, que, explica, trabalham “quase sempre à mão, utilizando técnicas muito especiais que garantem a autenticidade de cada peça”.

Nesta temporada, todos os fatos de homem, desenhados por John Glaser, foram executados em Madrid, incluindo do protagonista desta temporada, Colin Bridgerton, interpretado por Luke Newton. “Um casaco pode exigir vários dias de trabalho. Em seguida, são feitos os testes e correções necessárias para que cada peça apareça com a qualidade que é marca da Peris”, detalha a empresa, que não revela os custos da produção.

Já o guarda-roupa feminino ficou a cargo de Dougie Hawkes, que encomendou alguns vestidos e camisas de noite à Peris Costumes. O grande destaque do trabalho feito na terceira temporada foi a mudança de visual de Penelope Featherington (Nicola Coughlan), explica o figurinista em comunicado. “A nossa missão era mostrar o corpo dela, em vez de o tentar esconder. Queríamos mostrar que ela não é uma rapariga, é uma mulher. É uma honra trabalhar numa série que celebra a moda e a diversidade.”

Com o crescimento da série, a Peris Costumes conta que tem sido contactada para encomendas de particulares que também querem uma peça saída do guarda-roupa de Bridgerton. “Infelizmente não podemos atendê-los devido ao nosso grande volume de trabalho. Todos os anos trabalhamos com cerca de 900 projectos e 80% deles são internacionais”, declara Myriam Wais.

Os armazéns da empresa — são 22 em todo o mundo, incluindo em Lisboa, onde têm sede na Rua do Açúcar, em Marvila — acumulam mais de dez milhões de peças de vestuários e calçado de todas as épocas para cinema, teatro e televisão. Bridgerton está longe ser a primeria grande produção para a empresa fundada em 1856, que é também responsável pelo guarda-roupa de Emily in Paris, The Crown ou Stranger Things, sem esquecer a espanhola Casa de Papel.

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