Frente Comum insiste em aumentos intercalares e admite todas as formas de luta

“Não vamos ficar até Janeiro de 2025 a empobrecer”, disse o líder da Frente Comum à saída da reunião com a secretária de Estado da Administração Pública.

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O coordenador da Frente Comum, Sebastião Santana, diz que os trabalhadores não vão baixar os braços MANUEL DE ALMEIDA / LUSA
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A Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública insistiu, nesta quarta-feira, na necessidade de haver um aumento intercalar dos salários dos trabalhadores do EStado e garantiu que não vai esperar pelo próximo ano, admitindo todas as formas de luta.

"Nós continuamos a exigir um aumento intercalar dos salários, não vamos ficar à espera de 2025 para que os trabalhadores deixem de estar a empobrecer a trabalhar todos os dias na administração pública. Isto obriga a uma resposta imediata. Foi-nos dito que a intenção do Governo não era essa", disse aos jornalistas o coordenador da Frente Comum, Sebastião Santana, após uma reunião com a secretária de Estado da Administração Pública, Marisa Garrido, no Ministério das Finanças.

A estrutura sindical reivindica aumentos de 15% em 2024, com o mínimo de 150 euros para todos.

"Não há abertura [do Governo], vão ter de ser os trabalhadores a criar essa abertura e a Frente Comum não se demite da responsabilidade que tem nisso. "Não vamos ficar até Janeiro de 2025 a empobrecer", apontou o sindicalista, acrescentando que todas as formas de luta estão em cima da mesa.

A frente sindical defendeu que "o Governo tem condições financeiras" para fazer um aumento intercalar e considerou que "não o faz porque não quer", propondo ainda que se utilize verbas de uma rubrica do Orçamento do Estado que destina 19 mil milhões de euros para aquisição de serviços externos.

A reunião desta quarta-feira tinha como objetivo abordar o Sistema Integrado de Avaliação do Desempenho na Administração Pública (SIADAP) e, segundo Sebastião Santana, o Governo entregou os dois documentos necessários para que a última revisão daquele sistema seja posta em marcha.

O dirigente insistiu na revogação do sistema de avaliação que considera injusto e "ridículo". "É um sistema que não prevê a possibilidade remota que seja de todos os trabalhadores de um serviço serem excelentes, [...] do nosso ponto de vista isto é só para revogar e trabalhar num sistema de avaliação novo", sublinhou.

Já sobre a reforma na administração pública recentemente anunciada pelo Governo, que poderá implicar redução de cargos de direção, a Frente Comum disse que o tema não foi abordado.

"Não vamos estar de acordo, seguramente, com a forma como isto vai ser feito, que vai ser à luz do programa do Governo, que passa por muita coisa mas não passa uma única linha pela melhoria dos serviços públicos", afirmou Sebastião Santana.

Segundo a Frente Comum, ficou agendada uma nova reunião com o Governo para a próxima sexta-feira, dia 5 de julho, para discutir as duas portarias do SIADAP.