"Eu não viria cá, honestamente". Começa assim o novo anúncio da Visit Oslo que promove — ou será que despromove? — a relativa facilidade da capital da Noruega enquanto destino turístico. "Oslo simplesmente não é... quer dizer, será mesmo uma cidade?"
A personagem chama-se Hafdan, tem 31 anos, e vive "infelizmente" em Oslo, onde "tudo é tão... disponível" e pouco ou nada "exclusivo". Ao longo do vídeo de 1'45'' acompanhamos o seu dia-a-dia e o protagonista vai partilhando connosco tudo o que está "errado" com a sua cidade — e que é precisamente aquilo que faz de Oslo um destino interessante —, como o facto de não haver filas para os museus ("Se não tens que ficar numa fila durante um par de horas, será que vale a pena sequer visitar?"), de não teres que esperar por mesa nos restaurantes ("E eu nem sequer sou famoso") e de, na verdade, Oslo ter mais um ambiente de aldeia (onde podemos dobrar a esquina e tropeçar no primeiro-ministro ou no próprio rei) do que propriamente de cidade — que podemos atravessar a pé de ponta a ponta em meia hora ("tentem isso em Nova Iorque ou em Paris...").
“A inspiração para o anúncio é a posição de Oslo como um underdog em comparação com os destinos de férias de cidade, tanto na Europa como nos restantes países nórdicos”, explica Anne-Signe Fagereng, directora de marketing da Visit Oslo, citada pelo Skift. A entidade de turismo da capital norueguesa encomendou à agência NewsLab AS um vídeo para a campanha de marketing, que resultou neste Is it Even a City?
Trata-se de uma mensagem irónica, mas cristalina, especialmente num momento em que os destinos turísticos mais populares do mundo se debatem com soluções para o excesso de turismo. “O facto de não ser tão famosa e movimentada como algumas outras capitais é algo que deveríamos começar a destacar como algo benéfico”, disse Fagereng, referindo-se a uma "transformação incrível" da cidade nas últimas décadas e que se traduz também na cultura, com espaços como a Fortaleza de Akershus, o Centro Nobel da Paz e o Museu Marítimo Norueguês, mas também o museu dedicado ao artista Edvard Munch (abriu em 2021) ou o Museu da Era Viking, que será lançado em 2027.
O género de humor seco — que rendeu a Is it Even a City? mais de 11 mil visualizações no YouTube num dia — já foi utilizado por exemplo pela plataforma Visit Sweden, cuja campanha recente onde se pretende de uma vez por todas distinguir a Suécia da Suíça (os suíços ficam com os bancos, os topos de montanha, o yodeling, o LSD e os relógios; os suecos com os bancos de areia, os rooftops, o silêncio, as auroras boreais e o esquecer o tempo).
Já agora, vale a pena ver o filme produzido por The Tim Traveler (para a Visit Oslo) no qual o viajante tenta ser mais rápido num tobogã do que a bordo do metro local.
Enquanto a maioria dos anúncios mostram locais, sorriso rasgado e muitas vezes falso, a falar daquilo que mais amam na sua cidade, Hafdan, sério, algo sisudo até, procura ser apenas honesto. "Acho que uma cidade deveria ser um pouco difícil de conseguir. Como um bom relacionamento, não é suposto ser fácil."