Montenegro desafia PS e Chega a “juntarem-se ao Governo para decidir” bem sobre necessidades do país
Primeiro-ministro e presidente do PSD aposta no discurso aos jovens procurando mostrar um novo empenho nesta faixa etária, depois de, no tempo da troika, Passos Coelho ter recomendado que emigrassem.
"Nas oposições há muitos faladores, mas no Governo há muitos fazedores. (...) Nós não estamos aqui para proclamar; nós estamos aqui para decidir e para governar", avisou neste domingo Luís Montenegro no discurso de encerramento do 28.º congresso da Juventude Social-Democrata. O líder do PSD e primeiro-ministro elencava uma lista de medidas que o seu executivo tomou nestes dois meses e meio de mandato, com especial incidência nas políticas para os jovens, quando deixou, primeiro, uma crítica aos dois principais partidos da oposição, que lhe têm dificultado a vida na Parlamento, e logo depois um apelo.
"Cada partido escolhe a sua estratégia e o seu caminho. Cada partido responde perante os portugueses pelas suas opções. Ao PS só quero dizer uma coisa, que, aliás, também vale para o Chega: se a vontade que o PS tem é juntar-se com o Chega, ou o Chega a vontade que tem é juntar-se com o Partido Socialista, a vontade do Partido Social Democrata é juntar-se com Portugal e com os portugueses para resolver os seus reais problemas", afirmou Luís Montenegro.
"A uns e a outros nós dizemos: preocupem-se menos em juntarem-se um com o outro e juntem-se aos portugueses. E a melhor maneira de se juntarem aos portugueses é juntarem-se ao Governo para decidir bem aquilo que hoje são as principais necessidades da vida de cada português", apelou o líder do executivo.
Luís Montenegro deu depois alguns exemplos dessas suas boas decisões governativas em 60 dias, como o "acordo histórico com os professores", o programa de emergência para a saúde, o plano de acção para a imigração, as medidas para a habitação.
Falando para uma plateia de jovens no Campo Pequeno, em Lisboa, onde decorreu o congresso da JSD, o também primeiro-ministro defendeu que o Governo tem vindo a cumprir o compromisso eleitoral que assumiu com esse "pilar essencial" que é a juventude. Lembrou que este executivo deu o estatuto de ministério à pasta da Juventude, entregue a uma antiga líder da JSD; realçou que o PSD aposta em jovens que ainda têm idade para estar na JSD, como a deputada Gabriela Cabilhas e o cabeça de lista às europeias, Sebastião Bugalho; e vincou que "o projecto do PSD para Portugal tem a juventude no seu epicentro".
"É hoje absolutamente prioritário dar à juventude portuguesa a esperança e a confiança para poder ter futuro em Portugal; é do interesse dos jovens manterem a ligação às suas terras (...), mas é também do interesse geral do país" a manutenção de recursos humanos qualificados no território. "Para termos uma sociedade mais equilibrada, criarmos mais riqueza, que possa pagar mais salários e sustentar as políticas sociais para ajudar aqueles que necessitam da mão do Estado nos momentos de maior vulnerabilidade. Para termos crescimento económico sustentado e melhores salários, e termos garantias de que o Estado social funciona, precisamos da juventude portuguesa em Portugal a trabalhar", justificou Montenegro.
Que lembrou a intenção de corte de um terço na tributação do IRS dos jovens até aos 35 anos, as ajudas para a compra de primeira casa (isenção de IMT e imposto do selo e a garantia bancária estatal), o alargamento das condições para o programa de arrendamento Porta 65, a maior oferta no alojamento estudantil e no apoio à saúde no ensino superior.
O primeiro-ministro defendeu ainda medidas como a baixa de impostos (puxando a si os louros quando a medida aprovada no Parlamento foi a desenhada pelo PS), os prémios de produtividade, o aumento do complemento solidário para idosos e os medicamentos gratuitos como medidas que, não sendo para os jovens, se destinam a "olhar pelas famílias" e, indirectamente, também pelos mais novos. Montenegro tenta assim alcançar duas faixas etárias das quais o PSD tem estado afastado depois do Governo de Passos Coelho com a troika: os jovens, a quem foi recomendado que emigrassem, e os mais idosos, porque viram as reformas congeladas.
No congresso, João Pedro Louro, que concorria sem oposição ao cargo de novo presidente da JSD, foi eleito com 81% de votos a favor - teve ainda 3% de votos nulos (14) e 16% em branco (66). E no seu discurso teve também um espacinho para a crítica aos dois maiores partidos da oposição, a quem acusou de terem "um romance", e avisou, em jeito de ameaça, que os jovens não lhes perdoarão se fizerem algum "bloqueio" à autorização que o Governo pediu ao Parlamento para poder legislar sobre a taxa máxima de 15% no IRS de jovens até aos 35 anos.