Nesta escola espanhola os rapazes aprendem a cozinhar, costurar e passar a ferro
O Colégio Montecastelo de Vigo tem mais rapazes do que raparigas. Os alunos aprendem ainda a trocar lâmpadas e pôr máquinas de roupa e louça a lavar. “Não existem papéis para mulheres e para homens.”
O Colégio de Fomento Montecastelo, em Vigo, na Galiza, decidiu ampliar o número de disciplinas obrigatórias do plano curricular dos alunos e acrescentou-lhe coisas como aprender a cozinhar, a costurar e a passar a ferro.
Estas tarefas foram apelidadas de Home Skills (competências domésticas, em tradução livre) e começaram antes da pandemia, quando várias escolas em Espanha colocaram em prática um conjunto de medidas sobre paridade de género denominado "plano para a igualdade entre homens e mulheres nos centros educativos".
No entanto, o Montecastelo de Vigo decidir transformar as ideias do documento em iniciativas práticas e, segundo o director, é a única escola na Galiza com estas novas disciplinas no plano de estudos.
“Ocorreu-nos não só falar e dar ideias sobre este conceito, mas colocá-lo em prática: para os alunos compreenderem que em casa não existem papéis para mulheres e para homens, mas sim que todos temos que colaborar nas tarefas domésticas”, explicou José Manuel Rodríguez em entrevista ao La Voz de Galicia.
Durante anos, o Montecastelo de Vigo só aceitava alunos do sexo masculino e, apesar de ter alterado o critério, continua a ter mais rapazes do que raparigas nas turmas de adolescentes. Além de costurar, passar a ferro e cozinhar, os alunos aprendem também as regras de etiqueta à mesa, trocar uma lâmpada e pôr uma máquina da louça ou da roupa a lavar.
“Sou o único e o primeiro homem da minha família que sabe costurar”, afirma Jaime, 15 anos, citado pelo mesmo jornal.
Segundo o director, são 30 os estudantes que desempenham estas tarefas e têm entre 14 e 15 anos. As idades, reforçou José Manuel Rodríguez, foram escolhidas propositadamente: acredita que os adolescentes são mais responsáveis e cuidadosos a manusear objectos perigosos, ao contrário dos mais novos. Os alunos do secundário ficam livres das competências domésticas para se poderem concentrar no estudo para os exames de acesso à universidade.
Gabriel Bravo é o responsável por ensinar as tarefas domésticas aos alunos e reforça que o objectivo é prepará-los para a vida adulta seja como casados ou como solteiros. Recorda que os estudantes se riram quando souberam o que iriam aprender, porque, acredita ainda existe a ideia de que “são competências para mulheres”. Contudo, desfeito o estereótipo, diz que é na cozinha que os rapazes mais gostam de estar, em parte porque podem provar os pratos que fizeram e até levá-los para casa.
Nas redes sociais, escreve o La Vanguardia, há quem proponha que as competências domésticas sejam obrigatórias em todas as escolas de Espanha. Outros defendem que deveriam ser aprendidas em casa com os pais.
Para muitos estudantes, aprender tarefas domésticas é também uma forma de ajudarem em casa, principalmente as mães.
Mas no colégio de Vigo também há quem encare as novas competências como uma nova oportunidade de negócio: “Um dos alunos já disse à mãe que quer receber dois euros cada vez que passar a ferro”, conta o director a rir. “Isso não está certo.”