Preços das casas desaceleram e aumentam 7% no arranque do ano
Preços das casas subiram 7% no primeiro trimestre, mantendo-se a desaceleração verificada há vários trimestres. Mercado está a contrair-se, com o número de vendas e o montante transaccionado em queda.
Os preços das casas estão a crescer a um ritmo cada vez menos acelerado, mas, ainda assim, continuam a aumentar. No arranque deste ano, verificou-se uma subida de 7%, a menor taxa de variação registada em três anos, ao mesmo tempo que o mercado continuou a contrair-se, com uma queda tanto no montante total transaccionado como no número de vendas concretizadas, que foi o mais baixo desde 2020.
Os dados foram divulgados, nesta sexta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que dá conta de que, no primeiro trimestre de 2024, o índice de preços da habitação aumentou em 7% face a igual período do ano passado, uma taxa de variação homóloga que fica abaixo daquela que tinha sido registada no trimestre anterior, de 7,8%. Desde meados do ano passado que o crescimento dos preços da habitação tem vindo a abrandar, sucessivamente, a cada trimestre.
Também em cadeia se verifica uma desaceleração evidente e, no arranque deste ano, os preços ficaram praticamente estagnados: no período em análise, a taxa de variação dos preços da habitação foi de 0,6% em relação ao trimestre anterior. Aliás, há já um segmento do mercado que está em queda: considerando apenas os alojamentos novos, o índice de preços registou uma diminuição de 0,8%, enquanto nos alojamentos existentes se verificou uma subida de 1,1%.
Estes valores são registados num período em que se venderam 33.077 casas em Portugal, por um montante total de cerca de 6,7 mil milhões de euros, números que correspondem a quedas de 4,1% e de 1,8%, respectivamente, em relação ao primeiro trimestre de 2023. Os dados do INE mostram, ainda, que este número de casas vendidas é o mais baixo, num só trimestre, desde o segundo trimestre de 2020, período em que teve início a pandemia de covid-19. Se se excluir o período de pandemia, quando uma parte significativa da actividade económica esteve paralisada, é preciso recuar até 2017 para encontrar um período com um número menor de venda de casas.
Também o montante total transaccionado está a cair, apesar de os preços continuarem a aumentar, o que reflecte a contracção acentuada do mercado: já desde o final de 2022 que as vendas e o valor transaccionado têm vindo a cair, todos os trimestres, em relação ao período homólogo. O valor agora registado, de 6,7 mil milhões de euros, é o mais baixo desde o início de 2021.
Algarve e Madeira derrapam
O comportamento do mercado não foi, contudo, idêntico em todo o país. Enquanto regiões como o Norte, o Centro ou Setúbal ainda registaram crescimentos, no Algarve e na Madeira as quedas de vendas e de valor comercializado foram superiores a 20%.
A península de Setúbal foi a região que mais resistiu à tendência do mercado como um todo. Aqui, venderam-se 3125 casas durante o primeiro trimestre, um crescimento superior a 1% em relação a igual período do ano passado, ao mesmo tempo que o valor transaccionado aumentou em 5%, totalizando perto de 630 milhões de euros.
Segue-se o Norte, onde o número de vendas ficou praticamente inalterado, com uma taxa de variação de 0,08%, mas o valor transaccionado cresceu quase 5%, à boleia da subida dos preços, totalizando quase 1,7 mil milhões de euros. Esta região passa, assim, a representar 25% do valor do mercado imobiliário residencial.
Já na Grande Lisboa, principal região do país no que diz respeito ao montante transaccionado, não houve uma tendência definida: apesar da queda de 5% no número de vendas, o aumento dos preços foi suficiente para que o valor global comercializado ainda tenha aumentado em quase 1%, totalizando mais de 2,1 mil milhões de euros, o equivalente a quase um terço do montante total a nível nacional.
Em sentido contrário, o Algarve registou quedas acentuadas. O número de vendas caiu mais de 25%, para o valor mais baixo desde o início da pandemia, enquanto o valor transaccionado recuou cerca de 22%, para 733 milhões de euros, um mínimo dos últimos três anos.
O mesmo aconteceu na Madeira, onde o número de vendas caiu em mais de 22% e o volume total transaccionado diminuiu em quase 18%, para cerca de 160 milhões de euros.