Ministério da Educação recuperou 2,5 milhões de euros pagos em fraude informática
“Rápido reporte às autoridades competentes” permitiu bloquear as transferências feitas no último mês na sequência de uma fraude. Caso está a ser investigado pela Polícia Judiciária.
O Instituto de Gestão Financeira da Educação (IGeFE) conseguiu recuperar os cerca de 2,5 milhões de euros que tinham sido transferidos indevidamente para uma conta bancária na sequência de uma fraude informática. A informação foi tornada pública na manhã desta quinta-feira pelo Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI), um dia depois de se ter sabido que o presidente daquele instituto público se demitiu na sequência do caso.
Segundo o MECI, foi o “rápido reporte do IGeFE às autoridades competentes” que estão a investigar o caso que “permitiu que todas as entidades envolvidas na operação, incluindo o sistema bancário, conseguissem recuperar as verbas esta manhã”.
“Em causa estão três transferências bancárias realizadas este mês para pagamento a uma empresa que presta serviços informáticos, tendo as verbas sido transferidas para um IBAN de uma outra entidade”, refere a nota, numa explicação que parece descrever uma das burlas informáticas mais comuns, conhecida como fraude CEO.
Nas fraudes CEO, normalmente o burlão faz-se passar por alguém da chefia de uma organização, que dá ordem a um colaborador que está autorizado a fazer pagamentos para pagar uma factura falsa ou para realizar uma transferência da conta bancária da entidade. Também pode acontecer que o burlão se faça passar por um fornecedor da organização, pedindo que seja alterado o NIB para onde devem ser feitos os pagamentos de bens vendidos ou de serviços prestados, como parece ter sido o caso.
“Tendo-se apercebido de que a empresa que tinha prestado os serviços não estava a receber os pagamentos, o IGeFE apresentou de imediato uma denúncia à Polícia Judiciária, que se encontra a investigar o caso”, adianta ainda o ministério.
Segundo o PÚBLICO apurou, alguém se terá feito passar por responsável da empresa que prestou serviços ao instituto. Num email com todas as referências correctas ao contrato de prestação de serviços, respectivas facturas e prazos de pagamento, o burlão terá solicitado que o pagamento fosse feito para um IBAN diferente daquele que tinha ficado registado contratualmente. Os serviços do IGeFE validaram tudo e deram a ordem de pagamento.
Devido a este caso, o presidente do IGeFE, José Manuel Matos Passos, apresentou na quarta-feira a demissão. O afastamento, referia um comunicado, visou “preservar a credibilidade e prestígio institucional do IGeFE, entidade essencial para o funcionamento do MECI, sobretudo na gestão diária da dimensão financeira do sistema educativo”.
O ministério deu também conta de que “foram ainda afastados outros dirigentes com responsabilidades neste processo”, sem precisar que cargos ocupavam. Até à nomeação de um novo presidente do conselho directivo do IGeFE, acrescenta o Governo, “mantêm-se em funções o vice-presidente [Edgar Romão] e o vogal [Carlos Almeida de Oliveira]”.
O ministro da Educação, Fernando Alexandre, ordenou igualmente a abertura de um inquérito interno.