Mais de 900 mortos devido ao forte calor na maior peregrinação muçulmana a Meca

Calor já matou 922 muçulmanos em peregrinação a Meca, a maioria é egípcia. Mortos são já o quádruplo dos registados no ano passado. Autoridades pedem aos peregrinos para evitarem a exposição ao sol.

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Meca durante o Hajj em 2019. O número total de mortos durante a peregrinação muçulmana de 2024 compara-se com pelo menos 240 no ano passado STRINGER / EPA
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O número de mortos durante o Hajj, a maior peregrinação muçulmana a Meca, na Arábia Saudita, atingiu esta quarta-feira os 922, muito mais do dobro do ano passado, segundo a agência France-Presse (AFP). O número anormalmente alto de mortes está relacionado com o calor extremo que se faz sentir na cidade, com os termómetros a ultrapassarem os 50º C. As vítimas mortais até podem ser mais porque, entre os cerca de 1,8 milhões de peregrinos que participam no Hajj, alguns não se registam oficialmente junto das autoridades sauditas para não pagarem a inscrição, estando por isso impedidos de entrar em estruturas com ar condicionado.

Destes 922 contabilizados pela AFP junto de diversas fontes oficiais em diferentes países, mais de 600 são peregrinos egípcios que morreram devido a doenças relacionadas com golpes de calor, disseram dois diplomatas árabes à AFP. Só um peregrino árabe morreu depois de ter sido ferido num movimento de multidão, disse um dos diplomatas, acrescentando que o número total provém da morgue de um hospital no bairro de Al-Muaisem, em Meca.

Pelo menos 60 jordanos também morreram, segundo os diplomatas, mais 19 do que o número oficial de 41 mortos anunciado anteriormente por Amã. Entre os mortos estão igualmente pelo menos 35 tunisinos, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Tunísia, 68 indianos e quatro russos. Haverá ainda vítimas mortais de nacionalidade indonésia, iraniana, senegalesa e iraquiana.

O número total de mortos durante esta peregrinação muçulmana compara-se com pelo menos 240 no ano passado, embora a maioria dos países não tenha especificado o número exacto de casos relacionados com as elevadas temperaturas, escreve a AFP.

A peregrinação anual, uma das maiores aglomerações religiosas do mundo, realizou-se novamente este ano em pleno Verão numa das regiões mais quentes do mundo, com temperaturas que atingiram 51,8 ºC em Meca, a cidade mais sagrada do Islão. Um estudo saudita publicado em Maio, citado pelo The Guardian, aponta que as temperaturas nas zonas da peregrinação tendem a aumentar 0,4°C a cada década.

As autoridades sauditas afirmaram ter tratado mais de 2000 peregrinos que sofriam de stress térmico, mas não forneceram qualquer informação sobre mortes, ao contrário da Jordânia, cujo Ministério dos Negócios Estrangeiros anunciou, na terça-feira, ter emitido 41 autorizações para enterrar peregrinos em Meca.

As autoridades de saúde sauditas estão a apelar aos muçulmanos que utilizem guarda-chuvas, bebam água e evitem a exposição solar prolongada, mas alguns dos rituais, incluindo algumas orações, acontecem tradicionalmente ao ar livre.

Notícia actualizada às 20h40 de 19 de Junho: revisto o número de mortos confirmados

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