Resultado das europeias coloca euro em mínimos desde Maio e bolsas no vermelho

Ascensão dos populistas eurocépticos gera receio de maior conflitualidade no próximo Parlamento Europeu e leva investidores a pedir mais pela compra de obrigações.

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A vitória da extrema-direita em França e os ganhos populistas em importantes economias como a Alemanha e Itália, não parecem ter ajudado as bolsas europeias que abriram em queda Brendan McDermid / REUTERS (arquivo)
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A cotação do euro desceu para o nível mais baixo desde 2 de Maio depois do resultado das eleições europeias de domingo. No próximo Parlamento Europeu haverá uma viragem à direita em termos de lugares, com o Partido Popular Europeu, da actual presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen, a segurar a liderança, mas uma maior representatividade dos populistas eurocépticos.

O resultado pode estar a ser interpretado como um novo cenário de maior incerteza, algo a que os investidores são avessos. Daí a quebra nos principais índices bolsistas, a taxa de juro das obrigações a subir e a perda de terreno do euro face ao dólar dos EUA.

Por volta das 12h30 em Portugal Continental, a moeda única europeia perdia uns 0,4% face à cotação de sexta-feira, anterior às eleições, negociando agora nos 1,0736 dólares. O euro já tinha perdido, na sexta-feira, alguma força face ao dólar norte-americano, depois da divulgação de dados relativos ao mercado laboral nos EUA ter revelado que esta economia criou mais empregos em Maio do que esperavam os analistas.

A vitória da extrema-direita em França, e os ganhos populistas em importantes economias como a Alemanha e Itália, não parecem ter ajudado as bolsas europeias que abriram em queda, logo pela manhã, no arranque para uma nova semana.

Por volta das 14h desta segunda-feira, o índice francês CAC 40 era o que mais perdia face à última cotação, com uma quebra de 1,61%, parecendo reflectir uma certa preocupação com o cenário pós-eleitoral, que levou o Presidente Emmanuel Macron a convocar legislativas antecipadas.

A cotação bolsista da banca francesa estava a ser das mais afectadas: BNP Paribas SA e Société Générale SA caíam mais de 8%.

O índice alemão DAX recuava na mesma altura uns 0,5% face a sexta-feira, enquanto o IBEX espanhol também perdia uns 0,4%. Apesar de já não fazer parte da União Europeia, o Reino Unido também assiste a uma pequena perda do seu principal índice na bolsa de Londres, com o FTSE a baixar quase 0,3%, à mesma hora.

No caso português, o índice PSI acompanhava o panorama europeu, seguindo a perder 0,23% face à sessão anterior. O dia começara bem pior, com um recuo de quase 0,6% logo pela manhã. Isto apesar de os resultados eleitorais em Portugal terem deixado na frente os partidos ditos "moderados", com uma vitória tangencial do PS sobre a coligação PSD/CDS-PP e os liberais da IL empatados em número de deputados eleitos com o Chega.

O receio de mais conflitualidade no próximo Parlamento Europeu, com a ascensão dos populistas eurocépticos, parece também reflectir-se no comportamento das obrigações. Cerca das 9h da manhã, a diferença de rendimento (yield) das obrigações emitidas pelos governos de França e Itália face ao yield das obrigações alemãs crescera seis e oito pontos-base, respectivamente.

Esta diferença de rendimento é um indicador do prémio de risco que os investidores querem manter quando adquirem obrigações emitidas por um determinado Governo. Se a distância aumenta, significa que os investidores consideram essas obrigações mais arriscadas.

A própria Alemanha, onde o partido de extrema-direita AfD ficou em segundo lugar (15,9%), ultrapassando o partido SPD (13,9%), do próprio chanceler em funções, Olaf Scholz, viu subir o yield em cinco pontos-base, para 2,67%.

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