Camões — uma poética de conjecturas

Em 2024 passam 500 anos sobre o nascimento provável de Camões. Mais do que a possibilidade ou não de o celebrar, ou de quase o esquecer, este meio milénio firma a grandeza interpelante de uma obra.

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A universalidade de Camões, o poder transtemporal do seu lirismo e da epopeia que o imortalizaram são realidades que é banal reconhecer e sublinhar Enric Vives-Rubio
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Devemos a ideia a Vasco Graça Moura, camonista desalinhado, fora da academia, que estudou o poeta, mas também fez dele motivo da sua própria poesia — a título de exemplo, O Concerto Campestre (1993), onde, a dada altura, comparece mesmo Vítor Aguiar e Silva, príncipe de camonistas e figura tutelar dos estudos camonianos, não há muito desaparecido. “Qualquer leitura de Camões”, escreveu Graça Moura, pressupõe “uma poética de conjecturas” (Camões e a Divina Proporção, 1985). Sejamos brutais: é crónico o nosso desconhecimento do poeta português por antonomásia. Não porque tenham faltado estudiosos da obra e da vida de Luís de Camões — alguns dos quais, como Manuel Corrêa, alegadamente amigos do vate —, mas por serem escassos o valor documental, a fiabilidade, a firmeza dos postulados; até nos falta saber, com toda a certeza, quais, dos poemas que conhecemos como dele, foram, realmente, escritos por Camões.

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