A história do primitivismo ainda é nossa história

Problemas do primitivismo – a partir de Portugal é uma exposição imensa, pela amplitude de imagens, textos e ideias que propõe. Cruza a arte e a história do Estado Novo e do colonialismo.

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Reprodução da tapeçaria Portugal apresentada em Lisboa, em 1957, numa exposição de promoção da indústria portuguesa Vasco Celio
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No Centro Internacional das Artes José de Guimarães, estamos diante de uma pintura de Eduardo Batarda. Chama-se O Vitória de Marracuene (1973) e, nela, vemos a representação de uma luta de indígenas africanos contra tropas coloniais portuguesas. Olhamos mais de perto e encontramos representações estereotipadas e racistas dos homens negros (a influência de alguma banda desenhada, incluindo a underground anda por aqui). Mais outra leitura e descobrimos outras coisas. A primeira: os soldados coloniais têm um carácter grotesco, não menos embrutecidos (se não mais) que o dos indígenas. A segunda: sob a luta entre os homens, descortinamos outras batalhas, a das artes ou a da arte. Afinal, os guerreiros não usam lanças, mas pincéis e paletas e, à volta da refrega, encontramos imagens que fazem referência ao modernismo das artes visuais. O touro de Guernica (de Pablo Picasso), uma escultura de Matisse, o que parece ser a cabeça de uma donzela d'Avignon. Que luta será então a que vemos na pintura? O que representa esta pintura?

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