Blinken diz que cabe ao Hamas aceitar o cessar-fogo proposto por Israel

O secretário de Estado dos EUA saudou ainda a proposta de cessar-fogo apresentada por Biden. O Egipto apoia a proposta mas afirma que Israel tem de entregar passagem de Rafah para o lado palestiniano.

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Blinken conversou com ministros israelitas depois da apresentação da proposta de cessar-fogo por Biden MARTIN DIVISEK / EPA
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O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou que é o Hamas que tem de aceitar a proposta de cessar-fogo, num comunicado emitido pelo Departamento de Estado, após uma conversa com o ministro israelita Benny Gantz.

A conversa surge na sequência do anúncio feito por Biden de que Israel teria apresentado uma proposta para um cessar-fogo implementado em três fases, sendo a primeira um cessar-fogo imediato que duraria seis semanas.

“O secretário elogiou Israel pela proposta e sublinhou que o Hamas deve aceitar o acordo sem demora”, lê-se no comunicado, escrito pelo porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.

No comunicado lê-se ainda que Blinken “reiterou que, para além de reunir os reféns com os seus entes queridos, a proposta contribuiria para os interesses de segurança a longo prazo de Israel, nomeadamente ao abrir a possibilidade de uma trégua ao longo da fronteira de Israel com o Líbano, que permitiria o regresso dos israelitas às suas casas”.

Além do ministro Benny Gantz, Blinken conversou ainda com o ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant. Na conversa com Gallant, citada noutro comunicado, o secretário de Estado “sublinhou que a proposta contribuiria para os interesses de segurança a longo prazo de Israel, nomeadamente ao permitir a possibilidade de uma maior integração na região”.

Na conversa, Blinken saudou também a proposta feita por Israel, por “garantir a libertação de todos os reféns” e “aumentar a assistência humanitária em toda a Faixa de Gaza”.

Segundo a Reuters, Yoav Gallant terá reafirmado a Blinken a dedicação do Governo israelita de desmantelar o Hamas como governo em Gaza, tendo discutido “a questão de identificar e permitir a emergência de uma alternativa local de governação”.

Juntando-se aos Estados Unidos, o Egipto pediu também para que tanto o Hamas, como Israel aceitem a actual proposta para um cessar-fogo.

Numa conferência de imprensa realizada em Madrid, o ministro egípcio dos Negócios Estrangeiros, Sameh Shoukry, apelou ainda à entrega do controlo da passagem de Rafah a representantes palestinianos.

“É difícil que a passagem de Rafah continue a funcionar sem uma administração palestiniana”, afirmou Shoukry, que pediu também para que todas as partes tomem medidas para “preservar” o tratado de paz de 1979 entre o Egipto e Israel, considerando que este é “uma base sólida” para a segurança e a estabilidade na região.

“É o único ponto de comunicação entre os habitantes de Gaza e o mundo exterior. Todos os outros pontos de passagem estão fechados. Os habitantes de Gaza precisam de saúde, educação e alimentos, e tudo isso passa pelo Egipto”, disse Shoukry

Segundo o New York Times, depois de quatro décadas de relações estáveis, a cooperação entre Israel e o Egipto têm vindo a deteriorar-se desde o avanço israelita sobre Rafah e o Sul de Gaza.

Apesar de existirem esforços por parte do Governo egípcio para acalmar e limitar o descontentamento generalizado, o Egipto é um dos países que se registaram para apoiar o processo colocado no Tribunal Internacional de Justiça pela África do Sul, no qual acusa Israel de cometer genocídio em Gaza.

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