Berlim autoriza Ucrânia a usar armas alemãs para atingir alvos em território russo

O anúncio alemão foi feito no mesmo dia em que o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, confirmou que os Estados Unidos avançariam com a mesma retirada de restrições.

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A região de Kharkiv tem sido alvo de vários ataques nas últimas semanas, numa renovada ofensiva russa na região Vyacheslav Madiyevskyy / REUTERS
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A Alemanha autorizou o uso de armas enviadas para a Ucrânia para atingir alvos na zona fronteiriça de Kharkiv (Carcóvia), afirmou num comunicado emitido esta sexta-feira o porta-voz do Governo federal, Steffen Hebestreit. O anúncio surge no mesmo dia em que os Estados Unidos confirmaram oficialmente que também iam autorizar que Kiev utilizasse armas norte-americanas para o mesmo fim.

“Nas últimas semanas, a Rússia preparou, coordenou e efectuou ataques a partir de posições na zona de Kharkiv, em especial a partir da região fronteiriça russa imediatamente vizinha”, afirmou Hebestreit.

“Juntos, estamos convencidos de que a Ucrânia tem o direito, ao abrigo do direito internacional, de se defender contra estes ataques. Pode também utilizar as armas fornecidas para o efeito, em conformidade com as suas obrigações jurídicas internacionais, incluindo as que lhes foram fornecidas por nós”, explicou o porta-voz do Governo, que disse que a decisão foi tomada depois de o Governo alemão ter discutido esta possibilidade com os seus aliados e a própria Ucrânia.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, anunciou oficialmente esta sexta-feira que também os Estados Unidos iriam retirar as restrições de uso de armas enviadas pelos EUA para Ucrânia, uma notícia que já tinha sido avançada na quinta-feira.

“Nas últimas semanas, a Ucrânia veio ter connosco e pediu autorização para utilizar as armas que estamos a fornecer para nos defendermos contra esta agressão, incluindo contra as forças russas que se estão a concentrar no lado russo da fronteira e a atacar a Ucrânia”, revelou Blinken, numa conferência de imprensa realizada depois da reunião informal dos representantes dos Negócios Estrangeiros da NATO.

O secretário de Estado dos EUA acrescentou que esse pedido foi “directamente” para o Presidente, Joe Biden, que aprovou o uso das armas para esse propósito.

“Daqui para a frente, continuaremos a fazer o que temos vindo a fazer, que é adaptarmo-nos e ajustarmo-nos conforme necessário”, acrescentou Blinken.

Já o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, pediu esta sexta-feira um uso “responsável” das armas fornecidas por países-membros da aliança atlântica.

“Muitos aliados deixaram claro que aceitam que a Ucrânia esteja a utilizar as armas que recebeu para se defenderem, inclusive atacando alvos imediatos dentro da Rússia, especialmente quando esses equipamentos militares são utilizados em ataques directos em solo russo”, disse à chegada à reunião informal dos ministros dos Negócios Estrangeiros.

Apesar de ressalvar que as decisões foram tomadas ao nível estritamente nacional, o secretário-geral da NATO entende que está na altura de repensar as restrições impostas ao fornecimento de armas por achar que “à luz da forma como esta guerra evoluiu (...) chegou o momento de considerar algumas destas restrições, para permitir que os ucranianos possam realmente defender-se”.

O secretário-geral da Aliança alerta, no entanto, para que todo o uso na fronteira de armas fornecidas por aliados “seja feito de acordo com o direito internacional e de forma responsável”.

Em resposta às afirmações de Jens Stoltenberg, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, afirmou que as declarações do secretário-geral da NATO demonstram que as armas enviadas para a Ucrânia por países ocidentais já estavam, de facto, a ser usadas contra alvos em território russo.

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