Na Covilhã, O Açafrão enche-se de mundo, mas a estrela continua a ser a serra
Restaurante do hotel Pena D’Água desafiou o chef Filipe Madeira e o sommelier Rúben Nunes a voltarem à terra natal. Para o interior, trazem as cozinhas do mundo que conheceram, sem esquecer as raízes.
São ambos naturais do Tortosendo, na Covilhã, e apesar de terem andado por países e cidades diferentes, há uns anos voltaram a encontrar-se. Trabalharam juntos num restaurante da capital, mas o convite para regressar às origens acabou por falar mais alto. O jovem chef Filipe Madeira, de 28 anos, e o sommelier Rúben Nunes, de 32 anos, estão agora à frente do Restaurante Açafrão, trazendo para o centro da Covilhã um pouco daquilo que foram aprendendo por esse mundo fora. Tudo isto sem cortar a ligação à Serra da Estrela e às suas gentes. Muito pelo contrário. “O destaque são os produtos e pratos aqui da Beira Baixa, mas dando-lhes um toque diferente”, destacam.
Instalado num edifício Arte Nova, o Açafrão evoca “os descobridores nascidos na Covilhã e as rotas das especiarias dos Descobrimentos”, enquadra Rui Barata, administrador do Pena D’Água Boutique Hotel & Villas, ao qual o restaurante pertence. “Com estes dois jovens chefs, trazemos para aqui toda uma experiência internacional”, prossegue, a propósito da aposta introduzida há cerca de um mês.
Na cozinha e na sala do Açafrão, concentra-se agora o saber fazer adquirido em restaurantes de Londres, Chicago, Azerbaijão, Barcelona, Algarve e Lisboa. “Depois de terminar o curso na Escola de Hotelaria do Fundão, estagiei em Londres, depois fui para Espanha, Eslováquia e Azerbaijão”, conta Filipe Madeira. Ainda chegou a abrir um restaurante na Serra da Estrela, mas a pandemia levaria a que o projecto não vingasse.
Já Ruben, depois de estudar Escola de Turismo do Estoril, teve a oportunidade de passar pelo Enigma, do chef Albert Adrià (irmão de Ferran), em Barcelona. “Foi aí que tive uma aprendizagem interessante, porque me permitiu conhecer muitos vinhos”, conta. Também andou por Chicago, nos Estados Unidos da América, onde fez uma formação em vinhos, antes de rumar a Lisboa, cidade na qual permaneceu durante vários anos. Como é regressar a casa? “Muito bom. Estávamos a precisar de acalmar das cidades grandes, não andarmos sempre preocupados com o tempo. E a proximidade com as pessoas, termos pessoas que nos apoiam e que conhecemos”, realça Filipe Madeira.
A ligação aos produtos da terra
Às vantagens de regressar a casa, a jovem dupla junta uma outra conquista: a “proximidade com os produtores”. “Para nós, faz todo o sentido aproveitar os produtos daqui, como a cherovia, o pêssego ou os vinhos”, destaca Rúben Nunes, especificando que “40 a 45% das referências” da carta de vinhos do Açafrão são da Beira Interior.
Filipe Madeira corrobora a tese, anunciando que gosta de “pegar em produtos e pratos daqui da Beira Baixa e dar-lhes um toque diferente”. “É o caso do xerém, das feijocas com camarão e berbigão, o borrego com batata-doce roxa e endívias, assim como o requeijão com doce de abóbora”, enumera, destacando, também, os pratos vegetarianos, à base de “cogumelos, tomate, alho-francês, couve-flor, entre outros”.
A nova carta “Da Terra para o Prato” possibilita o serviço à carta, almoços com menu executivo e duas opções de menu degustação – um de quatro momentos (40 euros) e outro de sete momentos (65 euros), com harmonização a 15 e 25 euros, respectivamente.
No serviço à carta, há propostas como os peixinhos da horta (5,50 euros) e o croquete de pato (4 euros), feijoada de sames de bacalhau (17 euros), arroz de cabidela (17 euros) e o requeijão, doce de abóbora, nozes e suspiros (5,50 euros).