“Chove e a gente tem medo”. Relatos das cheias no Rio Grande do Sul

As cheias no Rio Grande do Sul provocaram, até ao momento, mais de 150 mortos e quase 600 mil desalojados.

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Perante a tragédia provocada pelas cheias de dimensão histórica no Rio Grande do Sul, Matheus Ascari juntou-se a um grupo de amigos e iniciou uma angariação de fundos para recolha de bens de primeira necessidade em Porto Alegre. “Está feia a situação”, descreve ao PÚBLICO. “A cada dia parece que aumenta o número de desalojados. Chove e a gente tem medo”, conta.

"Os desalojados que estão nestes abrigos são pessoas invisíveis, pessoas que já viviam numa escassez material e emocional”, relata a psicóloga brasileira Alice Behs, que tem prestado apoio a residentes do bairro de Santo Afonso.

Já o professor de Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande, Marcelo Dutra, recorda que “quando houve as cheias de 1941, as áreas alagadas são praticamente as mesmas de hoje, mas estas áreas em 1941 não estavam ocupadas”. “Estamos há 14 anos construindo em zonas de risco e colocando pessoas em risco”, acrescenta.

As cheias no Rio Grande do Sul provocaram, até ao momento, mais de 150 mortos e quase 600 mil desalojados. São mais de 2,2 milhões de pessoas afectadas, de 461 municípios.