Entre o ballet aéreo e acrobacia blues, o Imaginarius evoca a liberdade

A 23.ª edição do festival de teatro de rua de Santa Maria da Feira decorre entre esta quinta-feira e domingo com 41 companhias e 190 artistas de 12 países.

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Waterlitz, um dos destaques do festival DR
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Num ano em que uma fatia significativa das programações culturais, sobretudo na área das artes performativas, está associada às celebrações dos 50 anos do 25 de Abril, o Imaginarius – Festival Internacional de Teatro de Rua de Santa Maria da Feira tem a liberdade como tema orientador da sua 23.ª edição, a decorrer entre esta quinta-feira e domingo.

“Liberdade individual e colectiva, artística e criativa, cultural e religiosa, de pensamento e expressão, de movimento e circulação, de identidade e género. Liberdade tantas vezes ameaçada, questionada, escrutinada, amordaçada ou simplesmente aniquilada em diferentes geografias. Liberdade que urge preservar, fortalecer, resgatar ou conquistar”, resume a equipa do festival no texto sobre a linha temática desta edição, que sucede “ao sonho” e precede “o progresso”, este último o tema previsto para 2025.

Com entrada livre, o festival é activado nas ruas da cidade por 41 companhias e 190 artistas de 12 países (Bélgica, Chile, França, Itália, México, Portugal, Reino Unido ou Estados Unidos), contando com 33 estreias nacionais e três estreias absolutas de espectáculos que se desdobram nos territórios do circo contemporâneo, teatro de rua, performance, dança, instalação ou das artes digitais (realidade virtual e videomapping).

Um dos destaques é Waterlitz, uma “megaprodução” com uma torre de nove contentores, uma marioneta-pássaro gigante e 25 artistas da companhia francesa Générik Vapeur, que se debruça sobre a opressão e a liberdade através de um espectáculo entre o ballet aéreo, a música, a pirotecnia e a projecção de imagens. Sexta-feira e sábado no Parque dos Bombeiros, Waterlitz apresenta-se como uma alegoria sobre "política, ecologia e sociedade", sendo que a torre de contentores representa “um totem humano, símbolo sagrado e protector que assombra os portos e cidades actuais”, diz a co-directora artística da companhia, Caty Avram.

"Falamos de evolução e revolução, de como a invenção industrial começa a invadir a paisagem urbana, de como muitas linguagens estão a desaparecer do mundo", assinala Caty Avram, referindo que o público "tem a liberdade de interpretar como quiser" os sons, imagens e acções do espectáculo.

Já o norte-americano Candy Chang traz à rua dos Descobrimentos a sua instalação interactiva Before I Die, em que o público é convidado a registar os seus desejos e aspirações antes de morrer, como “um repositório de liberdade”. Originários do Quénia e a residir em Itália, onde já actuaram para o Papa Francisco, os The Black Blues Brothers levam à praça Dr. Gaspar Moreira, sexta e sábado, a acrobacia como meio de união e emancipação, pautada pela música blues.

De mãos dadas com a tecnologia, a peça Blu Infinito é outra das grandes produções apresentadas nesta 23.ª edição. A companhia italiana Evolution Dance Theater encena no Cineteatro António Lamoso (aqui a entrada é paga; bilhetes a 3 euros), de sexta a domingo, “uma viagem ao fundo do mar”, com corais, animais e outras criaturas, em que bailarinos, ginastas, ilusionistas e contorcionistas cruzam arte, ciência e tecnologia.

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