“Não faria qualquer sentido” outra escolha que não Alcochete, diz autarca

Fernando Pinto, presidente da Câmara de Alcochete, lembra que esteve “mais de um ano a trabalhar com a Comissão Técnica Independente”

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Montenegro fala ao país sobre localização do novo aeroporto em Alcochete Rui Gaudêncio
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“A decisão só pode ser a opção Alcochete”, diz o presidente da Câmara Municipal de Alcochete, Fernando Pinto, eleito pelo PS. “A opção tem de ser o Campo de Tiro de Alcochete, é a única resposta plausível”, reitera o autarca socialista que não admite outra escolha.

“Estivemos mais de um ano a trabalhar com a Comissão Técnica Independente (CTI) e com outros técnicos de vários sectores e não faria qualquer sentido não acatar a conclusão da CTI”, argumenta Fernando Pinto.

Para o socialista, a escolha de Alcochete para a construção de um aeroporto internacional é “importante não só para a região, mas também para o país”.

Apesar de ser favorável à construção da infra-estrutura junto ao concelho, o autarca pede aos governantes que tenham em atenção as implicações no território e alerta para a necessidade de investimentos complementares, ou de compensação, em diversas áreas.

Já em 2019, quando estava na calha o aeroporto para o Montijo, Fernando Pinto entregou um “caderno de encargos” ao então ministro Pedro Marques em que apontava para a necessidade de vários equipamentos e soluções para problemas em Alcochete.

Entre as reivindicações então apresentadas pelo presidente da câmara estavam a construção de um novo nó de acesso à Ponte Vasco da Gama e a melhoria “significativa” de todas as acessibilidades ao concelho.

A estas necessidades, o autarca de Alcochete acrescenta outras. “Uma nova travessia sobre o Tejo e torna-se imperativa a ferrovia de alta velocidade assim como o alargamento do Metro Sul do Tejo até Alcochete”, disse Fernando Pinto ao PÚBLICO já esta tarde.

O Governo anuncia esta tarde a localização do novo aeroporto após a reunião do Conselho de Ministros.

Autarca do Seixal diz que se não fosse o veto o Montijo tinha avançado

“Se não fosse o município do Seixal ter usado o seu direito de veto, o país teria avançado para uma péssima solução com o aeroporto”, recorda Paulo Silva, presidente da Câmara Municipal do Seixal.

O autarca comunista refere-se à decisão do município que, em conjunto com o município da Moita, em 2020 travaram a construção do aeroporto na Base Aérea nº. 6 (BA6), no Montijo.

O projecto já tinha luz verde da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), desde 2018, quando, nos pareceres que a lei exige aos municípios abrangidos pelo impacto da infra-estrutura, o Seixal e a Moita votaram contra.

O governo, liderado por António Costa, ainda ponderou alterar essa lei, para que os pareceres dos municípios deixassem de ser vinculativos, mas, entretanto, o projecto não avançou tendo sido, já no final do ano 2020, admitida a necessidade de uma Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) sobre o novo aeroporto.

Paulo Silva, autarca do Seixal (CDU) não tem dúvidas de que, agora, o governo está a tomar uma boa decisão de localização.

“É a melhor decisão para o país. É a opção que o PCP defende desde há algum tempo e que a Câmara do seixal também defende. Houve uma altura em que chegámos a estar sozinhos. O Seixal ficou sozinho a dizer que era um desastre nacional, que o Montijo não tinha condições”, recorda o comunista.

Indústria e comércio aplaudem

A indústria e o comércio da península de Setúbal consideram a localização do aeroporto em Alcochete importante para o desenvolvimento económico e social da região.

“Quanto mais perto o novo aeroporto estiver da Península de Setúbal melhor é”, diz Nuno Maia, director-geral da Associação da Indústria da Península de Setúbal (AISET), que junta mais de 60 empresas, entre as quais algumas grandes exportadoras como a The Navigator Company ou a Secil, além de outras de sectores tradicionais como os vinhos.

Nuno Maia aproveita para lembrar que a consolidação da indústria na região carece também de investimentos noutros sectores de transporte, designadamente na ferrovia e nas acessibilidades ao porto de Setúbal.

De forma idêntica, a Associação do Comércio, Indústria, Serviços e Turismo do Distrito de Setúbal (ACISTDS) espera também a formalização da opção Alcochete. “Faz todo o sentido. Não vejo outra hipótese”, disse Isaú Maia, presidente da ACISTS em declarações recentes ao jornal O Setubalense.

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