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O que mudou em 50 anos
Em meio século, os portugueses baixaram para metade o número de bebés gerados e alteraram radicalmente a forma como vivem a conjugalidade, como o demonstram os 60,2% dos bebés que nascem fora do casamento. A saúde chega a muitos mais portugueses, as escolas também. Na economia, alguns sectores tornaram-se dependentes da mão-de-obra estrangeira, cuja presença dentro das fronteiras nacionais aumentou 24 vezes.
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Natalidade
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Entre 1974 e 2023 o número de bebés nascidos em cada ano baixou para praticamente metade: eram 171.979 em 1974 e reduziram-se para os 85.909 em 2023.
Esta drástica redução veio acompanhada de notícias mais felizes: a mortalidade infantil durante o primeiro ano de vida diminuiu
Nupcialidade
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Os casamentos (que não a conjugalidade) aparecem como uma das instituições mais fortemente caídas em desuso nos últimos 50 anos. Em 1974, registaram-se 81.724 casamentos, dos quais 81% católicos. Praticamente meio século depois, em 2022, foram celebrados apenas 36.951 casamentos – apenas 27% dos quais católicos.
Além de tenderem a ser dispensados, os casamentos ocorrem em idades cada vez mais tardias.
Idade da mãe ao primeiro filho
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No ano da revolução, as mulheres eram mães pela primeira vez aos 24 anos em média. Cinquenta anos depois, esta idade aumentou para os 30,8 anos. O prolongamento do percurso escolar das mulheres pesou neste adiamento da maternidade, num fenómeno que também ajudou a que o número médio de filhos por mulher em idade fértil tivesse diminuído neste período dos 2,75 para os actuais 1,43.
Outro dado eloquente quanto à mudança de costumes:
Médicos por mil habitantes
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A postura de reverência perante o médico alterou-se, com o Google a servir cada vez mais de ferramenta para o questionamento dos diagnósticos e respectivos tratamentos por parte dos doentes, mas as maiores mudanças na saúde dos portugueses medem-se pela proliferação de profissionais do sector. Em 1974, o país tinha apenas 122 médicos por cada 100 mil habitantes, num rácio que, em 2021, se alterou para os 564 médicos por 100 mil habitantes, apesar de, entre aqueles, apenas 423 surgirem a trabalhar no país nos últimos Censos.
Entre os enfermeiros, as conquistas foram ainda mais expressivas, dado que o número destes profissionais por cada 100 mil habitantes mais do que triplicou.
Imigrantes
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O país tornou-se muito mais multicultural e dependente da mão-de-obra estrangeira, da qual dependem hoje largos sectores da economia, numa proporção inimaginável há meio século. No ano em que ocorreu a revolução, o país contava uns escassos 32.057 imigrantes (0,4% da população), maioritariamente provenientes de outros países europeus. Em 2022, o número de imigrantes tinha crescido 24 vezes, fixando-se nos 781.915 cidadãos (7,5% do total de residentes), segundo o mais recente relatório do Observatório das Migrações, que aponta para uma clara preponderância de brasileiros.
Neste período temporal, o saldo migratório, isto é, a diferença entre imigrantes que entram e emigrantes que saem, alterou-se radicalmente: em 1974, o saldo era claramente positivo em 174,5 milhares de indivíduos (num “reforço” da população residente que, logo a seguir à revolução, em 1975, aumentaria para as 347 mil pessoas). Em 2022, e depois de nos anos da troika o saldo migratório ter atingido valores negativos, à semelhança do que acontecera na década de 1960, a diferença entre os que saem e os que entram tinha aumentado para os 86,9 mil indivíduos, isto é, voltou a haver mais gente a entrar do que a sair.
Jovens inscritos no secundário
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A escola ganhou a liderança incontestável como espaço de socialização das crianças no último meio século. Se em 1974 apenas 5% dos jovens com idade para frequentar o secundário estava nele efectivamente inscrito, em 2022 essa percentagem tinha aumentado para os 88%.
No pré-escolar, as mudanças são também notórias:
Auto-estradas
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Percorrer os mais de 300 quilómetros que separam as duas principais cidades do país, Porto e Lisboa, pela estrada nacional, é uma memória que perdura em muitos, mas dificilmente quem nasceu após o influxo de fundos comunitários se lembrará de fazer esse percurso sem ser pela auto-estrada.
Os escassos 66 quilómetros de auto-estrada existentes em 1974, cresceram, entretanto, para os 3115 quilómetros, numa rede que liga o Norte e o Sul, litoral e o interior. Sem surpresas, os veículos matriculados triplicaram.
Habitações precárias
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A precariedade habitacional diminuiu drasticamente, mas não se pode dizer que tenha desaparecido nestes últimos 50 anos de vida democrática. Em 1974, o país contava 31.110 barracas, ilhas e afins no seu território continental, que foram sendo derrubadas e substituídas por bairros sociais, ao ponto de, em 2021, subsistirem nos números oficiais apenas 4042 daquelas habitações. Ainda assim, em 2023, o INE avaliava:
Condenados em
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Na justiça, as pessoas consideradas suspeitas e julgadas culpadas por terem praticado um crime aumentaram consideravelmente. Em 1974, o país registou um total de 18.375 arguidos, dos quais 9788 foram considerados culpados. Quase cinquenta anos depois, em 2022, esses números aumentaram, respectivamente para os 67.726 arguidos e para os 45.810 condenados.
Curiosamente, o país viu reduzirem-se os tribunais judiciais, que passaram de 2,5 por mil habitantes em 1974 para os 0,4 de 2022. Em sentido contrário, a população reclusa sextuplicou.
FICHA TÉCNICA
Texto: Nátalia Faria Infografia e ilustração: Cátia Mendonça e Gabriela Gómez Animação: Gabriela Pedro