ANGEIRAS
No extremo norte do concelho de Matosinhos, Angeiras mantém um pequeno porto
com pescadores locais. As casas do mar continuam a colorir a praia e a guardar as artes de pesca,
com os barcos parados em frente, no areal. O cenário dá sentido ao nome praia dos Pescadores, mas o
peixe vendido nesta lota é residual e alguns destes pescadores preferem enviar o seu pescado para
Matosinhos, onde há mais compradores. É, no entanto, o mais significativo dos pequenos portos desta
costa.
A vida continua nos pequenos portos
Peixe desembarcado em toneladas
Foto: Anna Costa
MERCADO DE MATOSINHOS
Fundado em 1952, o Mercado de Matosinhos é um exemplar de arquitectura moderna
e conserva o espírito animado dos mercados tradicionais. No andar térreo estão as bancas de peixe:
ao centro, são o ponto de convergência de todas as atenções. Boa parte do peixe vem da pesca com
técnicas tradicionais, o que permite aos peixeiros ter mais variedade de espécies — a pesca de
arrasto e cerco é mais procurada por grandes armazéns ou indústrias. Para valorizar este peixe, os
restaurantes do mercado podem grelhar o peixe que os clientes comprarem nestas bancas.
O que dá o mar de Matosinhos?
Dados de 2022
Foto: Nelson Garrido
PORTO DE MATOSINHOS
A segurança deste porto foi um atractivo para pescadores das zonas Norte e
Centro, desde o final do século XIX, altura em que se deu a construção do porto de Leixões, uma das
maiores obras de engenharia que o país conheceu. O projecto do engenheiro Afonso Joaquim Nogueira
Soares aproveitou as formações rochosas naturais — os leixões — e resultou num porto aberto 365 dias
por ano, sem se vergar a intempéries, garantia de um bom regresso a terra. Além de ser o maior porto
artificial do país, é também um dos maiores em capturas e acompanha a tendência nacional das últimas
décadas de diminuição do volume de peixe retirado ao mar. Isto não significa menos dinheiro para os
pescadores. O peixe tem sido valorizado pelo mercado e os armadores apostam crescentemente em peixes
mais valiosos.
Menos peixe, mais valioso
Capturas em Matosinhos, em toneladas
Preço médio por quilo (euros)
A frota de Matosinhos em 2023
A pesca de cerco é a que mais dinheiro gera em Matosinhos, onde a frota desta arte
representa 37% de todas as embarcações de cerco em Portugal.
Foto: Anna Costa
INDÚSTRIA CONSERVEIRA
Matosinhos é o maior porto sardinheiro do país e chegou a ser o maior do mundo
entre as décadas de 1940 e 1960. A instalação da indústria conserveira na cidade foi, por isso,
natural. Em 1899, fundou-se a Real Fábrica de Conservas de Matosinhos, a primeira, a que se seguiram
outras dezenas. A decadência desta indústria, nos anos 1970, deixou poucas marcas activas no centro
da cidade — a Pinhais, de 1920, é uma excepção.
O porto sardinheiro do país
Sardinha descarregada em 2022, em toneladas
Foto: Adriano Miranda
Sardinha vs. Polvo
Depois da legislação sobre defeso e cotas de pesca, os stocks de peixe mostram uma
renovada saúde e a disponibilidade da sardinha pode até vir a aumentar nos próximos anos. Por enquanto,
a
tendência é de diminuição da captura de sardinha, enquanto produtos mais valorizados, como o polvo,
aumentam
as capturas.
Sardinha
Polvo
Descargas em Matosinhos
Em toneladas
Valor médio
Em €/kg
Foto: Anna Costa
ANÉMONA
É uma das rotundas mais icónicas do país. As artes de pesca inspiraram a
artista norte-americana Janet Echelman a criar, em 2005, uma escultura em constante
movimento
com o
vento. Chamou-lhe She Changes [Ela Move-se], mas a população rapidamente a baptizou
“Anémona”,
confirmando a sua genuína ligação ao mar. Esta é, afinal, a terceira maior localidade pesqueira de
Portugal, depois de Sesimbra e Peniche, e a maior no Norte do país.
O grande porto do Norte
Peixe capturado em 2022, em toneladas
Foto: Adriano Miranda