“Portugal tem inúmeras entidades privadas, associativas e institucionais nos sectores do vinho e do turismo, mas a realidade é que o enoturismo está como o sector do vinho há dez anos – pouco articulado”, refere ao Terroir Francisco Toscano Rico, presidente da Comissão Vitivinícola da Regional de Lisboa, que, nos próximos dias 11 e 12 recebe, no Montebelo Mosteiro de Alcobaça Historic Hotel, as XI Jornadas de Enoturismo da Região Centro.
Interrompido por causa da pandemia, este fórum inédito por juntar sempre as regiões vitícolas de Lisboa, Tejo, Dão, Bairrada e Beira Interior vai discutir matérias quem têm que ver com a “melhor articulação do sector e com a necessidade da criação de instrumentos que permitam conhecer com mais rigor aquilo que os diferentes mercados emissores querem do enoturismo em Portugal”, refere o dirigente.
Essa procura de conhecer o que o mercado quer até tem sido feita em conjunto, com várias regiões vitivinícolas a participarem em fóruns internacionais estratégicos, atendendo a que estamos perante um projecto de fileira. Mas esse movimento associativo não ocorre, também, noutras outras regiões do país? “Não, creio que, a norte, o Turismo Porto e Norte quer juntar as regiões vitícolas para trabalharem em conjunto, mas neste momento só no Turismo do Centro se trabalha assim. E quando falo em articulação, falo em estratégias que permitam a comunicação dos nossos produtos de forma simples e eficaz e a uma só voz. Quando nos dispersamos, perdemos eficácia e, consequentemente, valor”, salienta Toscano Rico.
As questões da organização administrativa têm estado em permanente discussão quando se juntam os profissionais à volta do enoturismo, que toda a gente reconhece ser um produto turístico importante, mas que ninguém sabe verdadeiramente quanto vale para economia nacional. “Existem valores que se avançam, mas, com rigor, não se conhece bem a realidade porque nem sequer existe um Código de Actividade Económica (CAE) para o enoturismo, de maneira que fazer contas rigorosas torna-se difícil. Se quiser saber quantas unidades de enoturismo existem em Portugal, não consegue. Se quiser saber quantas pessoas emprega e quanto factura, também não consegue. E isto porque, para algumas entidades, o enoturismo é turismo e, portanto, não tem de ser uma actividade desagregada”, enfatiza o dirigente.
O facto de cinco regiões vitícolas e bem diferentes entre si se promoverem em conjunto é um trunfo na captação de clientes, visto que os turistas estrangeiros que viajam por causa do vinho e da gastronomia não gostam de visitar só uma ou duas regiões. Desta forma, até o esforço financeiro na promoção e captação de estrangeiros é mais eficiente.
No primeiro dia das jornadas os temas serão: Cooperação Institucional e Multidisciplinar; Enoturismo no Mundo, A Experiência de Quem Já Trabalhou Em Rede e O Que os Operadores Esperam de Nós? No segundo dia haverá visitas a unidades de enoturismo da região de Lisboa. As inscrições nas jornadas podem ser feitas aqui.