Guerra na Ucrânia
Do Japão aos EUA: assim são as “novas vidas” das refugiadas ucranianas
Em Tóquio, Nova Iorque, Londres, Paris, ou mesmo em Évora, as mulheres refugiadas ucranianas reconstruíram, à força, as suas vidas. As saudades de casa e a esperança na vitória da Ucrânia mantêm viva a chama de quem espera, um ano após o início do conflito, regressar à terra natal.
São mulheres refugiadas ucranianas e tiveram de abandonar o seu país devido à invasão russa da Ucrânia, que marca, a 24 de Fevereiro, o seu primeiro aniversário. Encontraram, à força, uma nova vida em lugares tão diversos como o Japão, os Estados Unidos da América, a Rússia, Inglaterra ou Portugal.
Cada uma das histórias partilhadas com a European Press Agency (EPA) tem em comum três pontos fundamentais: a reconstrução de uma vida longe de casa e dos homens que foram forçados a permanecer no país, as saudades da Ucrânia e uma esperança avassaladora na vitória do país invadido.
Em Tóquio, Ivanova Lyubov, de 45 anos, trabalha num restaurante que emprega refugiados ucranianos. Uma mudança radical, tendo em conta a língua e os costumes de ambos os países. Ivanova continua a considerar "muito difícil estar longe de casa", conta à EPA. Apesar da tristeza, sente-se grata por ter sido acolhida no Japão e espera que outros países sigam o exemplo. "Porque a liberdade é algo muito importante."
Tonya e Lyza, de 33 anos, são gémeas e nasceram na Crimeia. Após a invasão russa, Lyza decidiu abandonar Kiev, onde vivia, e juntar-se à irmã, que já era imigrante em Londres. "A minha vida mudou completamente", conta à European Press Agency. "Eu gostava da minha vida, tudo era perfeito. Tive de começar tudo de raiz." Anseia pelo fim da guerra para poder rever os seus pais, que se mantêm na Ucrânia.
Alina Aleva, de 21 anos, era estudante universitária em Kiev, onde vivia com a sua mãe. Devido à guerra, foi forçada a abandonar os estudos e a arranjar um emprego em Inglaterra. Não esperava tornar-se "independente" tão precocemente. Espera, um dia, regressar a casa e ver o seu país reconstruído.
Também a residir em Inglaterra, Yelyzaveta Tataryna, de 23 anos, é hoje dona do seu próprio negócio, um café vegan que é também um lugar seguro para mulheres, em Londres. Quase toda a sua família, incluindo a sua mãe, continua a viver na Ucrânia. Devido à guerra, Yeluzaveta não pôde estar presente no funeral da sua avó, na Crimeia. "É perigoso [estar lá], há bombardeamentos todos os dias", conta à agência noticiosa. "Vamos dormir e acordamos a pensar se sobreviveremos mais um dia."
Em Boston, nos Estados Unidos, Anastasia, de 23 anos, trabalha actualmente como actriz, embora a sua formação seja em medicina. "Uma parte de mim espera ver materializado o plano que tinha para a minha vida na Ucrânia", conta à EPA. O seu marido, que continua no país, mantém-na a par das notícias. "Tenho medo que tudo já tenha atingido o ponto em que muitas coisas terríveis já se tornaram normais", lamenta.
Lidia, de 75 anos, vivia em Mariupol antes da invasão russa. Em Março de 2022 abandonou o país em direcção a Moscovo, onde já vivia parte da sua família. A casa onde viveu mais de 50 anos foi destruída por um bombardeamento nos primeiros meses do conflito. Aguarda, ansiosamente, "pelo dia em que as famílias se reúnam novamente e a vida torne a ser calma e pacífica".
Aos 41 anos, Nadiia Ivanova deixou para trás a sua família, os seus amigos "e uma vida incrível", recorda em entrevista à agência noticiosa. Era jornalista de rádio. Em Paris, fundou um projecto centrado na herança cultural ucraniana. Ainda tem esperança, apesar da destruição, que a Ucrânia venha a ter um futuro esplendoroso aquando da sua integração na União Europeia.
Em Nova Iorque, Lesya Kyrpenko não consegue encontrar trabalho desde Março de 2022, devido a questões relacionadas com o seu visto. Viajou com os dois filhos, mas deixou para trás o marido, que abandonou o seu trabalho como engenheiro civil para se alistar no exército ucraniano. "Tínhamos empregos, viajávamos, podíamos estudar", recorda.