O sonho de levar o 28 das ruas de Lisboa ao resto do mundo em peças de Lego

O eléctrico lisboeta número 28 é famoso nas ruas da capital. Mas agora, pelas mãos de Ezequiel Alabaça, engenheiro de software, o “amarelinho” de Lisboa poderá dar a volta ao mundo através de uma recriação feita à base de peças de Lego.

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O eléctrico 28 foi recriado através de peças de Lego DR
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Ezequiel Alabaça DR
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O projecto do "amarelinho" conta com a presença de várias personagens que representam a cultura portuguesa DR
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O eléctrico 28 foi recriado através de peças de Lego DR
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O carteirista, pendurado na porta traseira do elétrico, é uma referência icónica ao verdadeiro elétrico e à sua história DR
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A calçada portuguesa, o vendedor de castanhas e o músico de rua são outras referências à cidade alfacinha DR
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Martim Moniz 28 DR

O famoso eléctrico 28 é uma das principais referências na cidade lisboeta. Frequentemente procurado pelos turistas que visitam a capital, o 28 leva os passageiros por um roteiro histórico. Faz a ligação entre o Martim Moniz e os Prazeres, passando por vários lugares emblemáticos da cidade, como é o caso da Sé, Bica, Bairro Alto ou Estrela. Agora, há a possibilidade de o “amarelinho” começar também a percorrer os quatro cantos do mundo.

Falamos da recriação do “28” através de peças de Lego. Uma ideia que surgiu pelas mãos de Ezequiel Alabaça, natural de Vila Franca de Xira, durante a pandemia. Tudo começou com a realização de animações stop-motion com Lego, juntamente com as suas filhas, num exercício que consiste em tirar “fotografias num cenário construído com Lego” onde as figuras são “movimentadas ligeiramente entre cada foto”, explica Ezequiel. “Um simples passo do boneco são seis a oito fotos por isso são necessárias quase 4 mil fotografias para a animação de alguns minutos”.

Das animações stop-motion e da participação em concursos de animações, surgiu a recriação do eléctrico: “A certa altura decidimos concorrer a um concurso de animações e o nosso personagem deslocava-se de autocarro, mas antes das gravações decidimos trocar por um eléctrico porque era mais tradicional e facilitava a entrada e saída das figuras”. No final das gravações, Ezequiel gostou tanto do resultado obtido com o eléctrico que decidiu que o mesmo permaneceria montado e um dia, em “forma de brincadeira”, decidiu submeter o projecto à marca. O objectivo era tornar o eléctrico lisboeta numa construção oficial dentro do mundo Lego. O “amarelinho” deixaria assim de dar voltas pela capital para, na possibilidade de ser aceite, dar voltas ao mundo.

“Durante este processo de construção com peças reais, desmonta-se muitas vezes e procura-se alternativas e soluções para conseguir obter os detalhes que queremos. Infelizmente, não tínhamos as peças necessárias e acabamos por utilizar peças com outras cores que não são as mais adequadas. Quando achávamos que estava numa condição aceitável, passei a construção para um programa 3D de forma a obter as fotografias com qualidade, sem imperfeições ou pó e com todas as cores correctas”, explica Ezequiel.

Mas para tornar este objectivo uma realidade dentro do mundo Lego, era necessário obter um total de 10 mil votos para passar à fase de avaliação, por parte da marca dinamarquesa. “Quando submeti o projecto, já estava preparado psicologicamente para poder trabalhar na sua divulgação durante um ano. Como alguém disse, 1% do esforço é para a construção do projecto e os outros 99% para a divulgação e já tínhamos delineado alguns planos para conseguir atingir as metas obrigatórias ao longo do tempo”, esclareceu o engenheiro.

Assim, de modo a divulgar o projecto, Ezequiel fez uso das redes sociais e criou e imprimiu alguns folhetos e cartazes pois pretendia “ir até às paragens do eléctrico falar com os turistas e pedir para afixar cartazes nos restaurantes da zona”. Agora, com os 10 mil votos alcançados, Ezequiel confessa: “Foi uma completa surpresa e um feito que se deve a todos aqueles que acreditaram no projecto e que se deram ao trabalho de completar todo o processo de validação do voto”. Resta agora esperar se a Lego irá considerar que esta é uma ideia interessante para ser comercializada.

A miniatura do eléctrico, que inicialmente começou por ser produzido “entre portas” e em família, contou ainda com vários comentários de outros fãs de Lego e também de “guarda-freios que fazem do eléctrico o seu local de trabalho diário”, numa ajuda que acabou por ser crucial para o aperfeiçoamento e melhoria do projecto.

A recriação do 28 conta com um conjunto dividido em duas partes: o eléctrico, que se traduz num total de 700 peças, contando com a “presença” do guarda-freio, alguns passageiros e um carteirista “pendurado na porta traseira, pronto a saltar e fugir caso apareça alguma autoridade”. A outra parte remete para a projecção da calçada portuguesa com o vendedor de castanhas, o músico de rua e mais alguns apontamentos do quotidiano de Lisboa, perfazendo um total de 1450 peças só nesta parte da construção. Ezequiel conta ainda que, “já na recta final, decidi adicionar mais duas peças ao eléctrico e um autocolante com o alerta sobre os carteiristas, tal como existe nos eléctricos que circulam na capital”.

Uma ideia que surgiu da intenção de contar uma história e acima de tudo pela diversão: “Queria mostrar, numa construção, aquilo que é o quotidiano de uma rua de Lisboa”. Para além do famoso eléctrico lisboeta, Ezequiel tem também em votação um mealheiro em forma de marco do correio, “que permite armazenar, a quantidade necessária de moedas para poder vir a comprar o eléctrico” caso a sua construção venha a ser aprovada pela empresa dinamarquesa.

Texto editado por Ana Fernandes

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