Ponte de Lima: uma casa de “formas muito puras”

©João Morgado
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A Casa da Baldrufa, em Ponte de Lima, esteve com obras paradas durante “muitos anos”. “Sem compartimentações anteriores, mas já com as escadas, janelas e infraestruturada”, recorda o arquitecto Tiago do Vale, responsável pelo novo projecto de remodelação da casa. O requisito principal do proprietário era “tentar tirar o máximo partido da construção”, cuja organização interior sentia não estar “a explorar todo o potencial permitido pelos limites que já lá existiam”.

O projecto de remodelação, “estritamente interior”, foi feito em 2018 e finalizado em 2020. A maior inspiração foram as “limitações” pré-existentes do “envelope”, das quais resultaram “soluções muito claras, sem grande margem para manobras”. As duas frentes da casa, a nascente e a poente, ficaram para a cozinha, salas de convívio e quartos; os serviços foram remetidos para o centro dos dois pisos residenciais da planta.

A “tradição de construir portuguesa” foi o mote para os materiais básicos, conta o arquitecto: madeira de carvalho nos soalhos, áreas húmidas com mármore de Estremoz, e reboco pintado de branco. “É um leque muito reduzido de materiais, que permite não criar muito ruído em áreas relativamente pequenas e tem a vantagem de uma aquisição racional de recursos”, explica.

“O cliente trouxe para a mesa uma sensibilidade a formas muito puras”, o que resultou num desenho propenso à “abstração”. “Acabámos por produzir, assim, uma espécie de objecto muito puro, quase que parece desenhado apenas para se contemplar, e muito enigmático.” Novos espaços e novos usos revelam-se atrás de vãos dissimulados, nesta casa “com muitas surpresas, o que acaba por criar uma experiência bastante rica”, remata.

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